Resumos dos simpsios de convidados


Confiram os resumos dos Simpósios de Convidados:

 

Aquisição da linguagem: perspectivas teórico-metodológicas diferentes e/ou complementares. 
Coordenadoras: 
Profa. Dra. Alessandra Del Ré (UNESP-Araraquara) e Profa. Dra. Márcia Romero (UNIFESP-Guarulhos)

 

Resumo: Independentemente da posição teórica adotada, falar em “aquisição da linguagem” pressupõe observar o processo pelo qual um sujeito parte de um estado “inicial” e atinge um estado “final”, reconhecido enquanto tal pelos interlocutores que o cercam e pela(s) comunidade(s) na(s) qual(is) ele se insere. A complexidade de tal processo envolve aspectos como as capacidades de expressão e de interação social; a aquisição de conhecimento linguístico-discursivo multimodal (prosódico, lexical, semântico, argumentativo, humorístico etc.), a constituição da identidade, por meio da língua(gem). Diante disso, este simpósio visa reunir trabalhos que investiguem o processo de aquisição da linguagem de língua materna e segunda língua, sua oralidade, sua escrita, sua sinalização (Libras); o bilinguismo e o multilinguismo; as dificuldades de aquisição/aprendizagem; as patologias; com dados coletados em meio familiar e/ou escolar, a partir do método naturalista e/ou com base em metodologia experimental. Tais perspectivas, aliadas à(s) teoria(s) que lhes serve(m) de referência, não devem ser consideradas excludentes, mas complementares, na medida em que colaboram para iluminar a compreensão desse complexo processo, sob diferentes pontos de vista.

 

 

Línguas Indígenas e Tipologia Linguística
Coordenador: Prof. Dr. Angel Corbera Mori (UNICAMP)

Resumo: Os estudos das línguas indígenas faladas nesta parte do subcontinente americano, nos quais se destacam os estudos das línguas indígenas brasileiras, vêm contribuindo consideravelmente no desenvolvimento tanto da teoria quanto da tipologia linguística. Os estudos, sobretudo, daqueles que se norteiam pela abordagem tipológico-funcional têm-se convertido em um instrumento cada vez mais pertinente para a descrição, análise e comparação estrutural das línguas naturais. Diversos processos que se manifestam nos níveis da fonologia, gramática, semântica, pragmática e, inclusive, do âmbito lexical, são de interesse atual dos linguistas e da linguística internacional. Os estudos das línguas indígenas vêm relevando fenômenos que há 30 ou 40 anos atrás eram desconhecidos pelas teorias linguísticas vigentes, e, inclusive, colocando em debate esquemas teóricos consagrados a partir de estudos de línguas do ramo indo-europeu. Partindo desse pressuposto, este simpósio visa reunir trabalhos de pesquisadores e de alunos de pós-graduação envolvidos em estudos tipológicos das línguas indígenas, estudos que podem ser tanto intralinguísticos quanto extralinguísticos. Os trabalhos a serem apresentados, neste simpósio, podem abordar os diversos domínios tipológicos: estudos em fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática, além de trabalhos que focalizem a interface entre a tipologia linguística e a gramaticalização. Os estudos a serem apresentados no presente simpósio podem se basear em dados primários, resultado de trabalhos de campo, ou, ainda, a partir de dados secundários provenientes de fontes confiáveis e de qualidade para os estudos tipológicos.

 

 

Estudos do texto, práticas sociais e interdisciplinaridade
Coordenadora: Profa. Dra. Anna Christina Bentes (UNICAMP)

Resumo: O objetivo deste simpósio é refletir sobre os possíveis diálogos entre a Linguística Textual e outras disciplinas da Linguística, tais como Análise da Conversação, Teoria da Argumentação, Sociolinguística, Semiótica, dentre outras, e algumas áreas correlatas aos estudos da linguagem, como Ciências Cognitivas, Antropologia, Sociologia, Literatura, etc., e o impacto dessas interfaces para a para a compreensão e análise das estratégias de construção de sentidos em diferentes textos. Em outros termos, o intuito é verificar em que medida o diálogo entre a Linguística Textual e outras disciplinas/ciências pode oferecer um arcabouço teórico capaz de explicar os vários fenômenos envolvendo texto e outras dimensões de análise da linguagem, em especial quando processos como categorização e referenciação discursiva que operam na construção de sentidos permitem conhecer os diferentes fazeres/práticas de atores sociais diversos, e em que medida o distanciamento entre essas teorias e ciências é essencial para que possa definir o real objeto de estudos da Linguística Textual e de cada desses outros domínios do saber. Mais precisamente, o objetivo é tentar sistematizar as relações entre a Linguística Textual e outras disciplinas da Linguística, buscando demonstrar as possíveis conexões entre elas com relação à caracterização dos objetos de estudos tanto da Linguística Textual quanto de outras disciplinas, tendo os seguintes pontos: (i) como focalizar fenômenos que, “pertencendo” a outro domínio de análise linguística, permitem uma análise mais robusta quando se considera também o nível textual?, (ii) como discutir as relações entre a Linguística Textual e outras disciplinas na análise de fenômenos fonológicos, morfológicos, sintáticos etc.? No que diz respeito às relações de delimitação, o objetivo é discutir, por exemplo, questões como: (i) quando um fenômeno fonológico deve ser tomado como objeto de estudo da Fonologia e quando ele deve ser concebido como objeto de estudo da Linguística Textual?, (ii) como particularizar a abordagem de fenômenos discursivos da Linguística Textual por um lado, e a da Análise do Discurso, por outro?

 

 

Ciências do Léxico e Tecnologia
Coordenadora: Profa. Dra. Gládis Maria de Barcellos Almeida (UFSCar)

Resumo: As subáreas que formam as Ciências do Léxico vêm passando por uma profunda alteração, desde o advento do computador pessoal, do acesso facilitado aos corpora eletrônicos e das ferramentas computacionais que auxiliam na manipulação dos textos e no tratamento do léxico, em variados níveis e com diversos objetivos. Essas alterações vão desde a compilação (automática ou não) do corpus utilizado para a pesquisa, passando pelo tratamento dos dados até chegar ao produto final, que pode ser um dicionário, um glossário, uma ontologia, uma estrutura de conceitos, uma rede semântica, um verbete, etc. Toda essa mudança no cenário altera demasiadamente o método de trabalho. Apenas a título de exemplo, já não se registram mais os verbetes a lápis, em fichas de papel. Ou para recuperar um caso clássico: as citações de palavras já não são escritas em milhares de tiras de papel e enviadas (por carta) a James Murray por mais de 800 voluntários que passariam a colaborar com a feitura do Oxford English Dictionary no século XIX. Os variados perfis de consulentes como também as diferentes demandas exigem mudanças. Que mudanças são essas? Como afetam o fazer lexicográfico? Como nós pesquisadores temos lidado com esse novo cenário? O quanto nossas teorias e práticas têm dado conta das necessidades de um mundo que não para de mudar? Para tentar responder a essas perguntas ou problematizar ainda mais essas questões é que propomos o simpósio "Ciências do Léxico e Tecnologia". As subáreas consideradas para o simpósio são: Lexicologia, Lexicografia, Metalexicografia, Lexicografia Pedagógica, Lexicografia Especializada e Terminologia. Os temas sugeridos e que perpassam essas subáreas podem ser: (i) desafios para a tarefa dicionarística: do papel ao aplicativo para celular; (ii) elaboração (semi)automática de ontologias (gerais ou de domínios) e suas aplicações; (iii) extratores (semi)automáticos de terminologias; (iv) lexicometria ou estatística léxica como forma auxiliar na gestão da informação; (v) identificadores (semi)automáticos de expressões idiomáticas ou fraseologias ou provérbios; (vi) tratamento de expressões idiomáticas ou fraseologias ou provérbios em dicionários on-line; (vii) dicionários de frequência; (viii) bases lexicais como recursos para variadas tarefas linguísticas; (ix) limitações dos dicionários eletrônicos e em papel; (x) dicionários colaborativos na web: vantagens e desvantagens; (xi) recuperação automática de neologismos em corpora; (xii) redes semânticas mono, bi ou multilíngue; (xiii) tecnologia a serviço dos dicionários de LIBRAS.

 

 

Fonética, fonologia e variação 
Coordenador: Prof. Dr. José Magalhães (UFU)

Resumo: Neste simpósio, o objetivo é debater pesquisas feitas no campo da fonética e fonologia de variedades faladas do português (brasileiro, europeu, africano, asiático) que tenham por objetivos: (i) descrever características segmentais e/ou prosódicas (acento, ritmo, entoação) dessas variedades; (ii) descrever e interpretar fenômenos variáveis do português; (iii) problematizar teoricamente interpretação de fenômenos fonético-fonológicos em interface com a morfologia ou a sintaxe. Acolhem-se, também, pesquisas que tratem de aspectos fonético-fonológicos do português para o ensino de escrita ou para o ensino de línguas estrangeiras.

 

 

História do português paulista
Coordenador: Prof. Dr. Manoel Mourivaldo Santiago Almeida (USP)

Resumo: Este simpósio reúne comunicações que tratam de pesquisas que tenham concentrado suas análises nos seguintes eixos de estudos sobre o português escrito e falado no Estado de São Paulo: (i) formação sócio-histórica; (ii) variação e mudança gramatical (fonologia, morfologia e sintaxe) e semântico-lexical; (iii) gêneros discursivos e processos de construção textual; (iv) coleta e organização de corpora. São estudos, portanto, que tomam por base o funcionamento dos aspectos linguísticos materiais, bem como a sua história e o contexto social que o ancoram.

 

 

Novas tendências e possibilidades futuras do ensino de línguas baseado em tecnologias digitais
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Buzato (UNICAMP)

Resumo: O objetivo do presente simpósio é fomentar discussões sobre novas tendências e/ou possibilidades no ensino de línguas mediado por tecnologias digitais da informação e comunicação a partir de desenvolvimentos recentes no campo da computação tais como a utilização de dados em massa (Big Data), a disponibilização de novos e poderosos motores de inteligência artificial e a oferta de mecanismos mais acessíveis de produção e recepção de conteúdos midiáticos em realidade virtual e aumentada, entre outros. Serão bem-vindos tanto resultados de pesquisas já realizadas em torno dessas possibilidades quanto propostas de utilização das mesmas fundamentadas teoricamente, assim como análises críticas de cenários possíveis e de práticas baseadas nesses recursos já utilizadas em outros contextos que não o ensino de línguas e/ou não o Brasil. São exemplos de temas pertinentes à presente proposta: (i) espaços ad hoc de aprendizagem de línguas online baseados em aplicativos do quotidiano vis a vis o paradigma do AVA/LMS, (ii) produção colaborativa distribuída de mídias digitais (áudio, vídeo, jogos, texto) como estratégia de ensino-aprendizagem de línguas, (iii) mediação tecnológica de interações multilíngues e multi/interculturais: aplicativos, plataformas, espaços de afinidade online etc. (iv) dadificação e cultura de dados (learning analytics) no ensino-aprendizagem de línguas, (v) inteligência artificial e processamento de linguagem natural no ensino-aprendizagem de línguas, (vi) mídias locativas, realidade virtual, realidade aumentada e realidade alternativa no ensino de línguas, e outros.

 

 

Ensino-Aprendizagem de línguas estrangeiras e formação de professores: foco no processo. 
Coordenadora: Profa. Dra. Maria Helena Vieira Abrahão (UNESP-São José do Rio Preto)

Resumo: Levando-se em conta a grande complexidade que envolve o ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras e a formação de professores de línguas, as pesquisas na área de Linguística Aplicada, voltadas para esses tópicos, têm se multiplicado em quantidade e foco. Com a virada sociocultural,  a compreensão de como se dá o processo de (co)construção de conhecimentos pelo aprendiz em um contexto formal de aprendizagem, seja ele aprendiz de línguas estrangeiras ou  aprendiz de professor, torna-se interesse de investigação. Também os estudos sobre crenças, identidades e emoções tornam-se relevantes na compreensão deste processo, o qual será objeto de discussão no simpósio que ora proponho. 

 

  

Avaliação em contextos diversos: língua materna e estrangeira
Coordenador: Profa. Dra. Matilde Scaramucci (UNICAMP)

Resumo: Este simpósio tem como objetivo reunir trabalhos sobre avaliação em contexto de língua (seja ela materna ou estrangeira), usada com objetivos distintos, para estimular uma reflexão sobre essa importante área da Linguística Aplicada. Serão bem-vindos trabalhos que tratem da avaliação em sala de aula (formativa ou somativa) ou para a sala de aula (exames de nivelamento) ou ainda em exames externos (vestibular, exames nacionais de larga escala, exames de proficiência internacionais aplicados no Brasil, entre outros), incluindo a avaliação realizada em ambientes mediados por tecnologias.

 

 

Gramática das variedades lusófonas
Coordenador: Prof. Dr. Roberto Gomes Camacho (UNESP-São José do Rio Preto)

Resumo: A lusofonia é uma mitologia cultural que, como tal, dá ênfase especial “ao papel que a língua [portuguesa] exerce, em tese, como elemento aglutinador dos povos que a falam e daquilo que haveria de chão comum, dado pelo colonizador português” (FARACO, 2016, p. 316). Em oposição a esse imaginário, o discurso alternativo dos linguistas dá mais ênfase à língua “como indicadora de uma específica ordenação do mundo social” (FARACO, 2016, p. 317). Caberia, então, neste espaço, discutir o tema a partir de duas perspectivas teóricas, que são, em tese, complementares: (i) sob uma perspectiva sociolinguística, o objetivo é discutir o modo como os falantes de variedades estigmatizadas do português no Brasil e também nos demais países que compõem a comunidade “lusófona” são particularmente afetados por processos de exclusão social derivados do lugar em que se encontram em relação à variedade de prestígio; (ii) sob uma perspectiva teórica funcionalista (Gramática Discursivo-Funcional, Linguística Sistêmico-Funcional, Teoria da Estrutura Retórica (RST), Gramática de Construções, etc.), o propósito é analisar como os fenômenos linguísticos se configuram e são codificados nas variedades lusófonas. A principal questão que este simpósio pretende discutir, com base nas contribuições dos participantes, é se, em oposição à crença romântica na “irmandade lusófona”, é possível comprovar, como realidade de fato, a emergência, de línguas específicas nos países colonizados em oposição ao português europeu, seja a de uma língua brasileira aqui na América, seja a de línguas africanas num espaço político de colonialismo tardio. Como esse tema ainda não se acha esgotado, o objetivo deste simpósio é criar um espaço adicional para debatê-lo com a finalidade mais geral de fornecer um painel, ainda que provisório, sob um viés sócio(funcionalista), do processo de constituição e de formação social da lusofonia com base na contribuição dos participantes.

 

 

Sobre memória discursiva
Coordenador: Prof. Dr. Sírio Possenti (UNICAMP)

Resumo: Uma das maneiras mais eficazes de relacionar discurso e história (um “axioma” da Análise do Discurso desde a década de 1980) é a memória. Diversos analistas do discurso propuseram teses sobre a memória, parcialmente diferentes entre si, pelo menos nas ênfases: já dito, implícito, esquecido, retomado... Este simpósio é dedicado às diversas abordagens da questão, com uma limitação estratégica: os trabalhos devem dedicar-se a corpora linguísticos (nomes, palavras, enunciados...). Não se trata de sugerir que a memória discursiva não possa se “manifestar” em outras semioses – numerosos trabalhos mostram o contrário. Trata-se apenas de limitar opções para este simpósio, com o objetivo de propiciar que os trabalhos (especialmente as análises) e os debates sejam mais facilmente partilhados. Evidentemente, não faria sentido privilegiar uma teoria ou uma ênfase. O objetivo é exatamente o oposto: dado um “corpus”, qual perspectiva permite a melhor análise? Ou: é possível, ou mesmo necessário, compatibilizar perspectivas diversas, sem ecletismo? Os resumos deverão conter pelo menos: a) filiação teórica brevíssima; b) algum dado (palavra, fórmula, enunciado...); c) um esboço de análise.

 

 

Linguística de Córpus e Tradução
Coordenador: Prof. Dr. Tony Berber Sardinha (PUC-SP)

Resumo: O objetivo deste simpósio é congregar trabalhos acerca de questões relacionadas aos Estudos da Tradução que façam uso do arcabouço teórico ou metodológico da Linguística de Corpus. A Linguística de Corpus tem um histórico de atuação nos Estudos de Tradução que remonta há mais de duas décadas. As pesquisas em tradução com base em corpora têm possibilitado o entendimento de uma gama de questões teóricas, metodológicas e práticas relacionadas aos Estudos da Tradução. Os trabalhos podem enfocar diversos temas e aplicações, incluindo mas não se limitando aos seguintes: (a) Criação e análise de corpora bilíngues e multilíngues; (b) Criação e análise de corpora de textos traduzidos; (c) Criação de recursos de corpora para formação de tradutores; (d) Descrição do processo de tradução com auxílio de corpora; (e) Disponibilização de recursos de informática para tradutores; (f) Identificação de universais da tradução; (g) Análise do estilo de tradutores; (h) Comparação entre a linguagem de textos traduzidos e não traduzidos; (i) Descrição da linguagem de tradutores iniciantes e profissionais; (j) Caracterização da tradução de especialidade; (k) Avaliação da qualidade da tradução e do desempenho de tradutores; (l) Descrição da tradução de ficção; (m) Teorias de tradução e seu diálogo com a Linguística de Corpus; (n) Relatos de formação de tradutores; (o) Legendagem; (p) Tradução e corpora mutimodais (visuais, sonoros, de linguagens de sinais, etc.); (q) Tradução por máquina; (r) Edição de textos traduzidos; (s) Interpretação; (t) Memórias de tradução; (u) Criação ou avaliação de ferramentas para o tradutor. Os trabalhos podem ter caráter teórico ou descritivo (de base quantitativa ou qualitativa). Trabalhos teóricos proporão uma reflexão acerca dos Estudos de Tradução tendo em vista aspectos teóricos, históricos ou aplicados pertinentes à Linguística de Corpus. Trabalhos descritivos, por sua vez, apresentarão achados de pesquisa com base em corpus, acerca de questões relevantes às duas áreas. Não serão aceitos propostas que consistam de projetos de pesquisa apenas. O simpósio permitirá uma visão da produção recente e futura da área.

 

 

 

 



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