Resumo |
Este trabalho visa à análise comparativa do padrão entoacional do contorno neutro do português de Guiné-Bissau (doravante, PGB) com o padrão entoacional do contorno neutro do português brasileiro (doravante, PB), no que tange, especificamente, à associação de eventos tonais a esse tipo de contorno nas duas variedades de português.
A proposição da comparação do padrão entoacional dessas duas variedades de português se justifica na medida em que tanto PGB quanto PB são línguas parcialmente reestruturadas, conforme a concepção de Holm (2004), e podem, portanto, apresentar características gramaticais (morfossintáticas e fonológicas) que as aproximem. Por outro lado, de acordo com Couto & Embaló (2010), o ritmo da frase do PGB difere drasticamente do ritmo da frase das variedades brasileira e lusitana, entretanto, esses autores não apresentam maiores informações a respeito da divergência rítmica entre as variedades de português mencionadas, detendo-se a concluir que há uma grande quantidade de especificidades no PGB que ainda aguarda um estudo mais aprofundado. Assim, uma investigação aprofundada sobre o ritmo do PGB se faz necessária. Dado que, além da duração e do acento, também a entoação se configura como um dos principais aspectos prosódicos envolvidos na implementação rítmica das línguas, atemo-nos a verificar, neste trabalho, como se configura o contorno entoacional em PGB e quais são as divergências e/ou semelhanças entoacionais entre esta variedade de português e, por ora, a variedade brasileira, no que se refere, especificamente, à associação de eventos tonais ao contorno neutro.
A metodologia empregada neste trabalho consiste: (i) na descrição e análise dos eventos tonais associados ao contorno entoacional neutro de sentenças de PGB e PB, com base no quadro teórico da Fonologia Entoacional (cf., entre outros, Pierrehumbert 1980, Beckman & Pierrehumbert 1986, Ladd 1996, Jun 2005) e através do uso do programa computacional de análise de fala Praat (cf. Boersma & Weenink 2010); e (ii) na comparação do padrão entoacional neutro das duas já referidas variedades de português, no que se refere à atribuição de eventos tonais, com base em estudos já realizados a respeito desse mesmo tipo de contorno entoacional para o PB (cf. Frota & Vigário, 2000; Tenani, 2002; Fernandes, 2007, 2009; Vigário & Fernandes-Svartman, 2010; entre outros).
(Apoio: FAPESP - Processo 2011/50044-9).
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