Resumo |
Este trabalho tem o objetivo de apresentar alguns dos resultados preliminares de pesquisa acerca da política linguística de cooficialização das línguas indígenas no município de São Gabriel da Cachoeira, interior do estado do Amazonas. Pretende-se discutir a respeito do andamento das políticas públicas com relação às línguas cooficiais em contexto urbano do município. O município está localizado no Noroeste Amazônico, no Alto Rio Negro e apresenta uma realidade sociolinguística complexa. Com uma população com cerca de quarenta e seis mil habitantes, sendo 95% da população indígena pertencentes a 23 etnias, é considerada a região mais plurilíngue do Brasil (CABALZAR e RICARDO, 2006; OLIVEIRA, 2007). A população indígena está situada ao longo dos rios da região, em áreas culturais e linguísticas específicas e diversificadas entre si, e também na área urbana do município. Cada um desses rios apresenta uma língua predominante para a intercomunicação que funciona como língua franca naquele local definido (idem, p.46; FRANTOMÉ, 2012). São três as línguas mais faladas na região: Nheengatu (nos rios Negro e Xié), Baniwa (no Rio Içana e afluentes) e Tukano (no sistema Uaupés) as quais foram reconhecidas juridicamente, após muitas mobilizações e discussões envolvendo várias instituições (UFAM, ISA, IPOL) e organizações governamentais e não governamentais, na lei 145/2002 de cooficialização de línguas indígenas em São Gabriel da Cachoeira.. Este trabalho faz parte do projeto em andamento A lei de cooficialização das línguas Tukano, Nheengatu e Baniwa em São Gabriel da Cachoeira - Am: questões sobre política linguística em contexto multilíngue, cujo objetivo final está voltado para as atitudes, opiniões e conhecimento acerca da lei de cooficialização das línguas indígenas do município em destaque, levando-nos, dessa forma, a verificar, como está o desenvolvimento das políticas públicas com relação ao uso das línguas cooficiais do município. Para o presente estudo, tomamos como base os pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística, que tem como objeto de estudo a linguagem no seio do contexto social, como os estudos de Zimmermann (1999), Calvet (2007), King (2001), entre outros. Foram realizadas entrevistas com alguns agentes sociais participantes das discussões acerca da política de línguas cooficiais. Para este trabalho, será feita uma discussão sobre a política linguística de cooficialização tomando como dados algumas das entrevistas. Espera-se contribuir com os estudos relacionados a política linguística em contextos multilíngues. |