logo

Programação do 61º seminário do GEL


61º SEMINáRIO DO GEL - 2013
Título: A coleta de uma amostra da fala itanhanduense
Autor(es): Mariane Esteves Bieler da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 61 , 2013, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2013. Acesso em: 08/05/2024
Palavra-chave Itanhandu,Identidade,Variao Lingustica
Resumo No intuito de descrever a fala de Itanhandu, essa pesquisa tem como objetivo geral explicar a correlação entre a pronúncia variável da coda /-r/ e conceitos de identidade (MENDOZA-DENTON, 2002) e localidade (JOHNSTONE, 2004). Para isso, está sendo construída uma amostra de entrevistas sociolinguísticas nessa comunidade sul-mineira. Esta apresentação visa a discutir tal coleta de dados e esboçar um panorama socio-etnográfico dos itanhanduenses. Com base nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 1972; 1999; 2001; 2006; 2010), Bieler (2012) gravou e transcreveu 18 entrevistas, cujos informantes foram estratificados de acordo com três variáveis sociais: sexo/gênero, faixa etária e três graus de identificação com a cidade. Para a pesquisa no mestrado, o corpus será expandido para 36 entrevistas. A coleta de dados foi marcada por dificuldades no contato com os itanhanduenses, que no geral se mostraram inseguros em “conceder uma entrevista”. Muitos dos convidados a participar da pesquisa resistiram bastante à entrevista e até pediram para analisar seu roteiro antes da gravação. Uma das preocupações era ter suas declarações reveladas: Itanhandu é uma cidade muito pequena e algumas das perguntas planejadas pediam, por exemplo, que se falasse sobre a admistração pública. O gravador também teve um impacto importante nas entrevistas (MENDES & OUSHIRO, 2012). Sua presença incomodou muitos dos informantes, apesar de esforços do documentador que, no intuito de relativizar o “valor” do aparelho, dizia que estava ali apenas para evitar o trabalho de se anotar tudo. Consequentemente, alguns ajustes na metodologia de coleta da amostra foram necessários, como entrevistar pessoas conhecidas entre si ou que tivessem tido um contato com o roteiro de entrevista antes que a gravação se realizasse. A estratégia de coleta precisou, então, ser mista: não apenas se pôs em contato com o contexto cultural e o arranjo social da comunidade, mas também foi necessário explorarar suas “redes sociais” (MILROY, 1980), chegando-se a informantes através de “amigos de amigos”. Dessa forma, tornou-se mais eficiente tanto o contato com possíveis informantes quanto a própria gravação das entrevistas. Essa discussão da coleta de dados para estudos sociolinguísticos, com objetivos tais como os apresentados acima, passa por características específicas da comunidade em questão. Enquanto uma cidade pequena e interiorana, Itanhandu se revelou pouco aberta e bastante resistente a uma “novidade” – nessa cidade pacata, é possível considerar que “nunca” ninguém havia sido entrevistado de qualquer maneira. Isto impõe desafios ao emprego de metodologias convencionais de coleta de dados sociolinguísticos.