Resumo |
O objetivo deste trabalho é dar uma análise para o que a literatura chama de derivação regressiva (cf. BASILIO, 1987; SANDMANN, 1990; ROCHA, 1998) não se utilizando o pressuposto de que formas como implante, manejo e bloqueio são derivadas diretamente a partir dos verbos implantar, manejar e bloquear, respectivamente. Desse modo, na análise, privilegiamos nominalizações como bombardeio (bombardear), bloqueio (bloquear) e plantio (plantar), que não apresentam a vogal temática verbal, a qual aparece em outras nominalizações como bombardeamento, bloqueamento e plantação.
A fim de analisar essas formações, utilizaremos como arcabouço teórico a Morfologia Distribuída (MD) (cf. HALLE; MARANTZ, 1994 e MARANTZ, 1997), teoria que não prevê a existência de um Léxico e propõe que a Sintaxe forme tanto palavras quanto sentenças. Neste trabalho, daremos enfoque para a proposta da MD de as palavras podem ser formadas diretamente de raízes acategoriais, não sendo necessário que alguns nomes sejam formados a partir de verbos.
Ao descrever o processo da derivação regressiva, Basilio (1987) ressalta a importância de se distinguir entre este processo e o conceito de redução ou abreviação, também chamado de truncamento (cf. GONÇALVES, 2011). Para a autora, temos um caso de derivação regressiva quando uma palavra é interpretada como sendo uma construção base + afixo e então o afixo é retirado para se formar uma outra palavra constituída apenas da suposta base. Em sua análise, a autora ainda aponta que o caso das derivações regressivas é bastante complexo e questiona se as formações deverbais em pauta são mesmo formações regressivas, dizendo que é difícil distinguir formações deverbais de casos em que um verbo se formou a partir de um substantivo básico. O critério utilizado por Basilio (1987) para distinguir os casos de derivação regressiva dos casos de derivação sufixal é o da relação sintático-semântica entre o substantivo e o verbo. Tal relação será motivada, em nossa análise, pela presença da mesma raiz acategorial do verbo no nome correspondente.
Também em nossa análise, que se aproxima da proposta de Sandmann (1991), que defende a não existência de derivação regressiva em substantivos como poda (de podar), argumentamos que tais nomes são formados diretamente de uma raiz que é concatenada a um núcleo nominal n, sem passar por uma fase verbal. Essa análise também sugere, seguindo Minussi (2012), que existem diferentes tipos de núcleos nominais e descreve a diferença de formação estrutural entre pares de nominalizações como bombardeio/bombardeamento, plantio/plantação e bloqueio/bloqueamento.
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