Resumo |
Esta comunicação busca refletir sobre os gêneros discursivos literatura, cinema e seriado, tendo como foco principal a análise da constituição do herói Sherlock Holmes em adaptações de gêneros distintos da mesma obra. O estudo dos gêneros discursivos, focalizados como esferas de uso da linguagem verbal ou da comunicação fundada na palavra (BRAIT, 2012, p. 152), é relevante para se entender como o herói se constitui; sobre como participa em cada texto no sentido lato (mais amplo, mais variado, mais complexo), a cada nova arquitetônica proposta, no tempo e no espaço, de uma relação humana expressa por meio da linguagem e do uso que se faz dela. Todavia, apesar de Bakhtin se voltar ao verbal, a contemporaneidade tem se pautado, cada vez mais, no verbovocovisual (no caso a ser analisado, o cinema e o seriado são exemplos da síncrise entre essas dimensões da lingagem). Esta comunicação terá como arcabouço teórico a abordagem dialógica do Círculo russo composto, entre outros, por Bakhtin, Medviedev e Volochinov. A proposta de estudo de tais gêneros, de seus diálogos (interdiscursos e intertextos), possui como objeto delimitador a obra O Cão dos Baskerville, romance policial de Sir Arthur Conan Doyle, originalmente publicado em fascículos (1901), posteriormente editado em livro (1902), adaptado para o cinema (1939 e 2002) e para o seriado (2012). A importância de se realizar este estudo se encontra na contribuição que se pretende realizar para o entendimento da figura do herói, enquanto sujeito que se constitui a partir do outro, que responde de forma ativa e responsável ao mundo, tendo como fundo uma arquitetônica que se relaciona de forma dialógica com outros gêneros. Esta pesquisa pretende, do mesmo modo, colaborar com as discussões acerca da apropriação dos textos/discursos literários para o cinema e ampliá-las. E, conjuntamente a esse objetivo, também analisar a especificidade de uma linguagem relativamente nova, a do gênero seriado televisivo, que vem crescendo na contemporaneidade em termos de público e aceitação; que, de forma análoga ao cinema, também tem se apropriado de textos literários. O percurso basilar passará pelos conceitos de signo, diálogo, gênero (intergênero), arquitetônica, cronotopo, exotopia, sujeito e herói. Afinal, Um novo gênero constitui-se a partir dos gêneros existentes; em cada um dos gêneros acontecem reagrupamentos dos elementos previamente dados. Tudo está dado para o artista, resta-lhe apenas combinar de modo novo o material já existente. (MEDVIÉDEV, 2012, p. 206). |