Resumo |
O presente trabalho pretende pensar a masculinidade na canção da banda Los Hermanos, considerando para a análise duas composições do álbum Ventura (BMG, 2003): Cara estranho (faixa 7) e De onde vem a calma (faixa 15). Ao pensar sobre a identidade do sujeito homem na contemporaneidade observamos que as transformações sócio-histórico-culturais suplantaram a questão política da dominação masculina sobre a feminina, fazendo com que a questão da masculinidade seja um tema complexo para ser debatido na atualidade. Nesse sentido, precisamos problematizar o que vem a ser essa identidade masculina, ou a imagem masculina construída, que se revela na contemporaneidade em um domínio do sujeito homem sentir-se e colocar-se no mundo em uma relação não mais de superioridade ou de dominação em relação à mulher. Dessa maneira, toda e qualquer imagem é construída culturalmente e em concordância ou confronto com outras imagens que lhe são equivalentes ou destoantes de sentidos. Isso significa dizer que o que se diz ou o que se afirma como masculino tem a sua perspectiva ao posicionar-se como aquilo que não é feminino. A imagem, assim, revela a profundidade e a perspectiva de sentido: é possível estabelecer uma relação dialética entre identidade e não-identidade da masculinidade. A masculinidade, nesse sentido, deve ser compreendida pelo que ela é e pelo que significa nas canções em análise, uma vez que a imagem do que é masculino advém do sentido de masculino construído no mundo. Consideramos para o estudo os pressupostos teórico-metodológicos da produção do Círculo de Bakhtin, especialmente, sobre as noções de identidade, signo e sentido, em um diálogo com alguns posicionamentos de teóricos dos estudos culturais também sobre a noção de identidade, para analisar o tema da masculinidade que se instaura na canção de Los Hermanos, refletindo, assim, sobre a identidade masculina do sujeito homem na vida contemporânea. |