Resumo |
Aprendemos com Saussure, em seu Curso de Linguística Geral, que a fala é individual e a língua, um produto social, um sistema, que possui uma ordem/estrutura interna, dentro do qual cada signo só adquire valor pela relação que estabelece com os demais. Assim sendo, o mestre genebrino exclui das análises linguísticas, o mundo, a história e o sujeito. Contudo, para a Análise de Discurso, o sujeito se constitui pelo discurso e a língua é o lugar onde este se materializa, não sendo possível separar, de modo estanque, os elementos que lhes são internos ou externos. Logo, a exterioridade é constitutiva, pois a língua não é tomada como objeto, mas como pressuposto que permite analisar a materialidade dos discursos. Por esse viés, entende-se que tanto a língua quanto o discurso têm sua ordem própria, em que o social e o histórico intervêm na produção dos sentidos. É dessas relações entre a língua, o sujeito e a história, que nasce a possibilidade de o sentido sempre poder ser outro, uma vez que o sujeito se inscreve em dada formação discursiva, que determina o que ele pode/não pode ou deve/não deve dizer. Todavia, não se pode esquecer que as FDs não são homogêneas e nem tampouco apresentam contornos bem definidos, já que são afetadas/modificadas por esse sujeito, em sua prática discursiva. Portanto, para a AD, o discurso é um objeto histórico, produzido socialmente por meio da sua materialidade específica que é a língua. Desse modo, pretendemos, nesse trabalho, observar os efeitos de sentido desencadeados pela escolha de dados itens lexicais em textos publicitários, confirmando que os enunciados podem escapar à organização da língua, abrindo espaço para os furos e as falhas, pois, segundo Pêcheux (1997, p. 53), [...] todo enunciado é intrinsecamente suscetível se tornar-se outro, diferente de si mesmo, se deslocar discursivamente de seu sentido para derivar para um outro. |