Resumo |
Nesta pesquisa, procura-se investigar o posicionamento das locuções adverbiais temporais e aspectuais a partir de um corpus formado por textos jornalísticos em português e em francês contemporâneos. Diversos são os fatores que podem motivar a ordenação das mencionadas locuções, como seu papel semântico, sua função discursiva, seu tamanho, o preenchimento ou não da posição do sujeito etc. O principal objetivo desta análise é estudar os fatores cognitivos e/ou discursivos, além de estruturais, que motivam o posicionamento de tais locuções, já que, de acordo com os pressupostos funcionalistas, cada posição assumida possui uma função diferente no discurso.
Foram coletadas e analisadas todas as locuções adverbiais e aspectuais encontradas em três diferentes gêneros textuais: editoriais, notícias/reportagens, crônicas. O presente estudo se baseia na perspectiva da Linguística Baseada no Uso, em que a gramática é vista como moldada pelo discurso, sendo a análise linguística realizada sob um ponto de vista cognitivo-funcional. Procuramos explicar através, sobretudo, de fatores semântico-pragmáticos o modo de ser da estrutura linguística. Para este trabalho, focaremos na relação da locução adverbial com semântica e a presença ou a ausência do sujeito em posição prototípica na cláusula.
A análise dos usos das locuções adverbiais na escrita em duas diferentes línguas, o português e o francês, pretende verificar se as tendências de uso seriam universais. Uma de nossos principais objetivos é verificar a hipótese de que a locução tende a se posicionar na margem esquerda da oração quando o sujeito não estiver presente para ocupar seu espaço deixado vazio. Para nós, a posição da locução adverbial seria a margem esquerda por fatores discursivos, por fazer referências anafóricas e mudança de assunto, por exemplo, e não por questões mais sintáticas, como as de preenchimento da posição vazia deixada por um sujeito. Essa nossa hipótese ganha força ao analisarmos a língua francesa, que já possui em sua estrutura a obrigatoriedade do sujeito. Neste caso, tentaremos comprovar que, nas duas línguas, a posição da locução é determinada pela sua função no discurso.
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