Resumo |
Traçando-se um histórico sobre a produção nacional de filmes e programas televisivos que englobam a narrativa ficcional, observa-se a constante tendência de se produzir, por meio de recursos audiovisuais, obras literárias que fizeram sucesso entre seus públicos leitores. A partir dessa perspectiva tornou-se convencional a adaptação de obras literárias para os meios audiovisuais, tais como: filmes, minisséries, seriados, novelas, dentre outros. Pode-se pensar que esse processo de transposição é uma forma de recontar a tão rica literatura já produzida para outro público. Deste modo, pode-se destacar as adaptações de obras literárias traduzidas para os mais variados suportes audiovisuais como um fenômeno cultural complexo que visa não somente a correspondência literária, mas também perpassa por aspectos culturais e sociais. Por este viés, podemos concordar com o posicionamento de Hélio Guimarães (2003), ao reafirmar que mecanismos de adaptação não se esgotam na pura transcodificação do texto literário para outro veículo, já que são capazes de gerar uma cadeia quase infinita de referências a outros textos, constituindo um fenômeno cultural que envolve processos dinâmicos de transferência, tradução e interpretação de significados e valores histórico-culturais (p. 91), o que acaba por contribuir e ampliar os horizontes socioculturais de seus espectadores.
John Fiske, em seu livro Television Culture (1987) discute a intervenção dos meios de comunicação e as tecnologias na formação do público leitor. Ele aponta que esse novo leitor criado por essas novas tecnologias, quanto em contato com a televisão ou produtos audiovisuais, explora a polissemia desses veículos ativando em sua memória outros textos, interligando-os em lugares distintos. Sendo assim, o espectador articula uma memória que dialoga e com o seu horizonte cultural. Essa memória audiovisual contribui para os possíveis elos que esse espectador pode traçar, tanto no campo da literatura (palavra escrita) ou do cinema (linguagem visual, sonora, artística e outras). Destarte, pode-se afirmar que a adaptação de obras literárias para o audiovisual, por exemplo, intensifica o repertório e possibilidade de leitura. Pois, em si, congrega uma articulação múltipla, que auxilia na produção de significado e veiculação de uma obra restrita a apenas um suporte.
Neste sentido, este artigo propõe-se a discussão dos processos de adaptação de obras literárias para linguagem audiovisual, perfazendo um histórico sobre teorias da adaptação e a variação de significados deste termo. Para tal, recorreremos a teóricos como: Thais Flores Diniz, Robert Stam, Hélio Guimaraens e Gerard Genette.
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