Resumo |
Pesquisas comparativas entre o Português Brasileiro (PB) e o Português Europeu (PE), notadamente no âmbito da representação da posição do sujeito pronominal, revelam comportamento sintático diametralmente oposto entre as duas variedades. Ao contrário do PE, que apresenta comportamento que o aproxima de línguas com o traço [+ sujeito nulo], o PB apresenta indícios de que estaria passando por um processo de mudança na marcação do Parâmetro do Sujeito Nulo (PSN) (Chomsky 1981), tornando-se, dessa forma, uma língua favorável ao preenchimento do sujeito, ou seja, uma língua [- sujeito nulo] (cf. entre outros, Duarte 1993, 1995, 2000, 2004, 2007).
Se a variedade brasileira estiver, de fato, em processo de mudança, é plausível esperar que ocorram no sistema efeitos colaterais, o que poderia refletir na representação dos sujeitos não referenciais, entre eles o contexto dos verbos de alçamento que selecionam um complemento oracional, evidenciando um dos encaixamentos da mudança em função da remarcação do Parâmetro do Sujeito Nulo (cf. Weinreich, Labov e Herzog 2006 [1968]). Haveria, diante desse quadro, mais indícios de que o Português Brasileiro e o Português Europeu constituem Línguas-I diferentes, ou seja, gramáticas distintas, proposta defendida por Galves (1998).
Neste trabalho de caráter comparativo, são investigadas as estratégias de alçamento utilizadas no PE e no PB em sete sincronias, no contexto impessoal de oito verbos de alçamento que selecionam um argumento interno oracional: parecer (o mais prototípico), acabar, bastar, convir, custar, demorar, faltar e levar. Espera-se encontrar evidências sintáticas para o estabelecimento de pontos convergentes e divergentes entre o Português Brasileiro e o Português Europeu. Para isso, são utilizados pressupostos do modelo de mudança da Sociolinguística Variacionista e da Teoria de Princípios e Parâmetros (Chomsky op. cit.). A análise tem por base uma amostra composta por peças teatrais brasileiras e portuguesas escritas nos séculos XIX e XX.
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