Resumo |
O presente trabalho tem por objetivo explorar a constituição cronotópica (espaço-temporal) de marcas proverbiais em redações de vestibular. O material de análise é composto por sessenta redações do vestibular da FUVEST de 2006, cujo tema exigido foi "trabalho", e sessenta redações do vestibular da FUVEST do ano de 2009, em que se explorou o tema "fronteiras", atingindo um total de cento e vinte redações. O termo marcas proverbiais foi cunhado para nomear tanto provérbios que se apresentam integralmente constituídos quanto enunciados em que se identificam fragmentos de provérbios, em que se faz referência ao sentido de um provérbio ou em que se reproduzem suas características formais. Norteiam essa pesquisa estudos da Teoria da Enunciação como os de Bakhtin (2010), em que se desenvolve a noção de cronotopo; e os da Análise do Discurso de linha francesa, como os de Pêcheux (2010), em que se aborda o conceito de memória discursiva; os de Pêcheux e Fuchs (2010), em especial, sobre a concepção de formação discursiva; os de Maingueneau (1997; 2002; 2010) em que se discutem os processos de captação e de subversão como formas de desvios de provérbios; e os de Lysardo-Dias (2004), em que se concebe o provérbio como um gênero do discurso. Considero que o provérbio, em sua construção isolada, apresenta constituição espaço-temporal representada por seu alcance universal e por seu caráter atemporal, condição que lhe permite transitar por diferentes gêneros. Contudo, ao ser inserido em outro gênero, quando, de fato, também se torna um, ele se apropria da constituição cronotópica do gênero em que se introduz, resultando na particularização de sua configuração espaço-temporal. Nesse processo de reconfiguração cronotópica, as formações discursivas cristalizadas no uso de um provérbio se encontram com as que compõem o gênero em que se insere, provocando uma zona de congruência ou de rompimento entre formações discursivas. (APOIO: CNPq-PROCESSO 152759/2011-5 / FAPESP- PROCESSO 2011-16337-9) |