Resumo |
Este trabalho procura compreender o papel exercido em contextos de bilinguismo por uma gramática "regulae" como a "Institutio de nomine" de Prisciano (séc. VI), pensando o seu uso em Constantinopla na Antiguidade Tardia. Para isso, é essencial discutir os papéis desempenhados pela língua grega e pela língua latina em meio a uma situação pautada pelo convívio do domínio sociopolítico romano com a onipresente cultura grega. Certamente não havia uma política linguística fixa de uso do latim como língua oficial (ADAMS, 2004). Por meio da análise do uso de língua feito em documentos administrativos e em sítios arqueológicos (ADAMS, 2004), pode-se observar que a opção pelo grego nas inscrições em verso é um marcador de como a associação da língua latina com a expressão elevada da cultura ainda é clara, presente mesmo entre os centuriões romanos. Em suma, o grego era considerado apropriado na admistração civil, por ser comum na comunicação entre prefeitos e seus subalternos; nos tribunais, pela aceitação da leitura de petições em grego; na poesia. Já o latim não apenas ocupa domínios de prestígio, como também está atrelado à afirmação da romanidade: é a língua dos documentos de cidadania, é usado pelo funcionário presidente de um julgamento, é utilizado para simbolizar o poder político e o poder militar nas inscrições do Colosso. Assim, o latim pode ser considerado uma variedade super-elevada, estando disponível para situações em que se declara e reafirma a romanidade do poder político, enquanto o grego pode ser coniderada uma variedade elevada, e funciona como língua franca em meio à diversidade linguística do Império Romano do Oriente. Dessa forma, o ensino de latim como segunda língua no oriente durante a antiguidade tardia poderia atender a esse público que tem um contato muito mais próximo com o grego, quando não falantes de grego. Nesse contexto de bilinguismo, as gramáticas regulae são um instrumento para o aprendiz de língua estrangeira e atendem uma demanda que não se coloca a falantes nativos de latim, o reconhecimento das formas flexionadas. |