Resumo |
Esta pesquisa, ao valer-se dos conceitos de metáfora e de metonímia apresentados por Lakoff e Johnson (1980), busca compreender as relações de significados atribuídas aos discursos sobre sustentabilidade, mais precisamente os que circulam na imprensa nacional, no mês de junho de 2012, quando aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Esse evento chamou atenção por ser gerador de diferentes discursos, analisáveis sob diferentes domínios cognitivos. Segundo os autores considerados, o sistema conceitual do ser humano, que corresponde ao modo como pensa e age, é metafórico por natureza. Entende-se, aqui, por metáfora a relação de palavras com o modo como as pessoas pensam e atuam. Os conceitos que comandam o pensamento humano organizam a atuação do homem sobre aspectos cotidianos, estruturam a percepção, a compreensão sobre o mundo e como as pessoas se relacionam umas com as outras. Para o Lakoff e Johnson, as expressões linguísticas metafóricas permitem estudar a natureza metafórica dos conceitos com o intuito de compreender as atividades (especialmente discursivas) humanas. Assim, serão consideradas, para efeito de análise, as seguintes metáforas: (i) do tempo, que dará conta de usos de termos como economia, investimento, ganhos e perdas, recursos naturais versus ações humanas; (ii) "conduit metaphor", que compreende as seguintes metáforas complexas: IDEIAS SÃO OBJETOS, EXPRESSÕES LINGUÍSTICAS SÃO RECIPIENTES e COMUNICAÇÃO É TRANSMISSÃO, a fim de explicar usos como ideias para manter a vida humana e do planeta precisam ser desenvolvidas e polarizadas no mundo/planeta; (iii) metáforas orientacionais e (iv) metáforas ontológicas, que explicam usos como primeiramente, antes de mais nada, é imprescindível pensar em um plano de contenção dos recursos naturais para garantir a vida às futuras gerações; e (v) outras. Por sua vez, as metonímias a serem analisadas são: (i) a parte por um todo; (ii) produtor pelo produto; (iii) objeto usado pelo usuário; (iv) controlador pelo controlado; (v) instituição pela pessoa responsável; (vi) o local pela instituição; e (vii) o local pelo evento. Compondo a análise consideram-se ainda os estudos de Pinker (2008) a respeito da relação do homem com o tempo/espaço. Segundo ele, as pessoas presumem que as coisas são organizadas no tempo e no espaço. Ambos constituem o meio em que devem ser situados os objetos e fatos da experiência humana. As experiências ocorrem em um tempo e espaço que organizam as experiências sensoriais. Basicamente se precisará o discurso da sustentabilidade como um evento de (re)construção organizada tempo-espacialmente. |