Resumo |
Em 1939, surge um livro que surpreende os leitores pelo acerto, ou afronta, da temática em relação ao mundo real. Trata-se de um livro que é a expressão de uma voz solitária no meio germânico do Rio Grande do Sul. Esse meio se ligava diretamente a um amplo contexto situacional que se alastrava para, poucos anos depois, desde a Alemanha, envolver todo o mundo. Era o contexto das vésperas da Segunda Guerra Mundial, no qual o obcecado governo que provocou seu início creditou a toda a Alemanha e a todos os seus descendentes, como aos nossos chamados teuto-brasileiros, conceitos e preconceitos firmados na barbárie. Foi o contexto que encorajou alguns teuto-gaúchos a agirem como se a sua supremacia sobre as demais etnias fosse inquestionável e que, com as ações comandadas pelo líder por eles reverenciado, Adolf Hitler, tornariam infalíveis seus poderes sobre a humanidade. Em Um rio imita o Reno, de Vianna Moog, aparecem imbricados, profundamente, dois mundos daquela época, o mundo interno do romance e o mundo externo delineado pela política de uma nação, dada pelo seu governo, em relação a outras nações. Disso resulta uma história ligada a uma realidade extraliterária por um nexo bem determinado, qual seja, as interferências do pensamento alemão dominante durante a Segunda Guerra na comunidade germânica estabelecida na região de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, abordando a questão do racismo e da miscigenação. O romance é também uma narrativa da preocupação do autor com o sentido das relações humanas que o cercavam e, de maneira geral, com o significado da sociedade teuto-gaúcha quando em contraposição à local, tendo a miscigenação como referência maior. Por meio da história que cria, Vianna Moog sentencia que, naquele contexto social germânico, a miscigenação era algo indesejado. Um rio imita o Reno atraiu, incomodou e desafiou os moradores e intelectuais de São Leopoldo e arredores na época, de tal modo que houve reações contrárias de peso, como a do Consulado Alemão e a de Bayard de Toledo Mércio, um desembargador, que resolveu dar uma resposta , escrevendo Longe do Reno: uma resposta a Vianna Moog, em 1940.
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