Resumo |
É notório que o perfil do alunado brasileiro tem mudado muito e rapidamente nos últimos anos e por vários motivos distintos e simultâneos. Em relação à educação, mais especificamente ao desempenho esperado, sistemas de avaliação como ENEM e ENADE apontam resultados insatisfatórios no que concerne às capacidades e competências mínimas esperadas dos alunos. Se por um lado observamos, nas últimas décadas, um número maior de cidadãos com acesso aos diversos níveis de escolarização incontestavelmente, um avanço observamos um insucesso dos resultados escolares, no interior da própria esfera escolar e acadêmica, com reflexos nas demais esferas sociais. No contexto dos sujeitos sociais da esfera escolar alunos e professores , insere-se a diversidade em todos os sentidos constitutiva do mundo moderno, em especial, das linguagens, suas modalidades, formas e meios. Essa pluralidade impacta diretamente a prática docente e, consequentemente, impõe novos desafios aos professores e pesquisadores. Nosso objetivo neste encontro é apresentar as discussões que temos estabelecidos acerca da releitura dos conceitos fundantes do Círculo de Bakhtin articulados a uma pedagogia das múltiplas linguagens e multiletramentos inspirada nos estudos do Grupo de Nova Londres. Em nosso entendimento, conceitos estáveis têm sido abalados pelo hibridismo que perpassa as novas modalidades de textos e de linguagens. Para estabelecer o diálogo teórico-metodológico com a teoria dos gêneros do discurso de orientação bakhtiniana, adotamos a concepção de multiletramentos, proposta pelo Grupo Nova Londres, que considera as práticas de letramentos implicadas de multiplicidade de linguagens na produção de textos multimodais e de pluralidade e diversidade cultural constitutivas dos sujeitos intermediados por novos textos. Consideramos que o ponto de embricamento entre a teoria dos gêneros do discurso e concepção de multiletramentos está na capacidade daquele se manter inacabado e, portanto, com possibilidades de abrigar novos textos, com novos suportes e com o hibridismo constitutivo dessas novas modalidades e formas. Nesse sentido, os pesquisadores do Grupo de Nova Londres propõem uma pedagogia dos multiletramentos, alertando para a necessidade de criação de ambientes de aprendizagem voltados ao mundo digital e à diversidade que isso possibilita e lembrando que os aprendizados cotidianos são diferentes dos aprendizados escolares, por isso o currículo e consequentemente as escolhas pedagógicas devem contemplar dentre outros aspectos culturais globais e regionais, de identidade, ou seja, de saberes significativos aos aprendizes. |