Resumo |
Desde o mito de Babel, a língua tem desempenhado uma função primordial no estabelecimento da identidade e determinação da alteridade, e cabe ao professor olhar a sua língua portuguesa com os olhos do estrangeiro, para que possa reconhecer e trabalhar as peculiaridades dessa língua, incentivando o uso, com a maior frequência possível, em situações reais de comunicação. Assim, o professor de PLE deve ter como meta o desenvolvimento da competência comunicativa (doravante CC), nos moldes defendidos por Almeida Filho (1989, 2010) para que o aluno esteja apto a interagir na língua que não é a sua, ou seja, o professor precisa reconhecer seu papel e refletir sobre sua prática, atitudes que o levarão a ser capaz de escolher e desenvolver materiais apropriados para sua aula, bem como a usar metodologias e estratégias que possibilitem o desenvolvimento da CC. Nessa concepção de ensino, o papel do professor é o de facilitador, de incentivador da aprendizagem, de pesquisador e planejador de um curso que valorize as experiências, percepções, ideias e habilidades dos alunos e que seja capaz não só de direcionar o curso, mas principalmente de criar um ambiente propício para a aprendizagem, envolvendo os alunos no processo. Essa concepção de ensino, bem como a necessidade de estudar PLE a partir de uma abordagem cultural e de tentar uma visibilidade cada vez maior para a área são defendidas em coletâneas organizadas por Almeida Filho e Lombello (1989), Almeida Filho e Cunha (2007), Cunha e Santos (1999), Santos e Alvarez (2010) e Zoppi Fontana (2009), que, de uma forma ou de outra, constituem a fundamentação teórica deste trabalho. Com base nesses autores e em concepções de ensino e de pesquisa desenvolvidos em Sanz (2005) e Kleiman e Cavalcanti (2007), este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise do livro Cinema for Portuguese Conversation, de Bonnie Wasserman (2009) e propor sugestões de atividades para o uso de filmes brasileiros para o ensino de PLE de níveis intermediário e avançado. Como lugar discursivo que nos interpreta como povo, o cinema nos permite mapear parte das relações culturais, sociais, políticas e econômicas do país e analisar diferentes aspectos de identidade do povo e de diferenciação em relação ao outro, no caso, o estrangeiro que quer se apropriar, de alguma forma, da nossa língua, da nossa cultura. |