Resumo |
Dentre a diversidade de temas a serem estudados na obra de Carlos Drummond de Andrade, muito se fala das referências, citações, homenagens que fez o poeta brasileiro a variados escritores nacionais e internacionais. Nesse contexto, relembrando as palavras do Professor Gilberto Mendonça Teles que em seu livro Camões e a poesia brasileira e o mito camoniano na língua portuguesa (TELES, 2001), já na introdução, refere-se às frequentes alusões feitas por Drummond ao vate português, bem como baseado em teorias que fundamentam o processo intertextual, este trabalho analisa traços de intertextualidade entre alguns poemas da obra A Rosa do Povo de Carlos Drummond de Andrade, publicada em 1945, e as composições líricas e épicas camonianas do século XVI.
Vale lembrar que embora não seja novidade - para os estudiosos e pesquisadores predominantemente da área literária - o fato de que Drummond retomou veementemente Camões, a análise aqui apresentada coaduna com o apontado por Teles: a necessidade de se realizar um estudo intertextual para fornecer elementos para a sistematização das influências camonianas na obra de Carlos Drummond de Andrade (TELES, 2001, p.281).
Assim, através dos textos: Consideração do Poema, O Mito, Os Últimos Dias, dentre outros que compõem A Rosa do Povo, mostro aqui o diálogo existente entre a poesia do escritor brasileiro e Camões, bem como a maneira como Drummond retoma implícita e explicitamente em seus textos, a partir do clássico do autor lusitano, ideias e o próprio nome de Camões, comprovando, mais uma vez, de acordo com a teoria e estudos intertextuais, que esse diálogo entre as produções dilata as fronteiras de ambas as obras, evidenciando que essa transformação de um texto em outro é algo diferente e original, quando feito de maneira séria e inovadora como o fez o escritor brasileiro, o que comprova também, efetivamente, que de tudo fica um pouco, incluindo Camões em Drummond.
|