Resumo |
Nesta apresentação, tratamos das segmentações não convencionais de palavras que são classificadas em dois tipos: hipossegmentação, como em denovo, ou, hipersegmentação, como em em bora. No entanto, vale salientar que ao observamos esse tipo de ocorrência em textos produzidos por alunos de 5ª a 8ª séries, encontramos dois tipos de dados que não são problematizados na literatura sobre as segmentações não convencionais de palavras, a saber: dados que envolvem homonímias, como agente (a gente), e dados que envolvem a colocação não convencional do hífen, como aparese-se (aparecesse). Com isso, nesta apresentação, assim como Tenani (2011), achamos relevante considerarmos em nossa análise, além dos dados de segmentação não convencional de palavra que, envolvem a ausência/presença do espaço em branco em locais previstos pela ortografia, as segmentações não convencionais de palavras homônimas, e as segmentações que se caracterizam pela combinação de usos não convencionais do espaço em branco e do hífen. Diante deste quadro, temos como objetivo central apresentar os resultados parciais de uma pesquisa que busca realizar um estudo longitudinal com sete sujeitos, de uma escola pública de São José do Rio Preto, ao longo dos quatro últimos anos do EF II, de modo a verificar a trajetória desses alunos em direção (ou não) à palavra escrita convencional. Foram analisadas 163 produções textuais, produzidas por esses sete alunos ao longo do Ensino Fundamental II. Por meio de análises quantitativa e qualitativa, foram feitos levantamentos (i) do número de ocorrências dos tipos de segmentação não convencional em cada um dos anos estudados, e (ii) dos possíveis constituintes prosódicos que possam motivar em certa medida as segmentações não convencionais de palavra encontradas. As ocorrências de segmentação não convencional de palavras foram analisadas tendo como pressuposto teórico uma concepção de escrita que é constituída de modo heterogêneo. Partimos da hipótese de que as hipo e hipersegmentações podem ser vistas, principalmente, como evidências do modo como o escrevente projeta características dos enunciados falados nos enunciados escritos. Mais especificamente, buscamos verificar em que medida se dá a relação entre os enunciados falados e escritos, no que diz respeito à organização prosódica da linguagem. Para isso, nos baseamos nos trabalhos de Tenani (2008, 2009) e Paranhos (2010) que assumem a proposta de Bisol (2000, 2005) a favor da importância, da distinção entre os constituintes prosódicos: palavra fonológica e grupo clítico. Desta forma, buscamos refletir sobre as características linguisticas da escrita de alunos do EF II. |