Resumo |
O objetivo desta apresentação é o de examinar a representação do sujeito leitor do Correio Paulistano, especialmente no que concerne à leitura da seção folhetim, a partir da década de 1850, período em que o jornal inicia suas publicações na então província de São Paulo. O folhetim representa um fenômeno editorial particular na medida em que aparece na França como uma estratégia para expandir o público leitor do jornal. Devido ao sucesso alcançado em seu país de origem, o gênero passa a fazer parte dos periódicos de diversas partes do mundo, inclusive do Brasil. O surgimento e a difusão desse objeto cultural são, sem dúvida, um capítulo importante da história da leitura no Brasil, cujos contornos já foram muito bem delimitados por vários especialistas. No entanto, tendo em vista os poucos estudos feitos sobre a produção, a circulação e a recepção de folhetins oriundos de jornais paulistas, o nosso interesse é o de analisar o leitor de folhetins do Correio Paulistano por ser considerado um dos primeiros periódicos impressos da província de São Paulo e o terceiro, no Brasil, e que ainda não conta com um estudo verticalizado de suas especificidades de escrita e de público leitor. Partimos do pressuposto de base semiótica segundo o qual estudar o processo de recepção dos textos significa destacar a figura do leitor, depreendido sob duas formas: externa e interna ao texto. O leitor externo ao texto é o sujeito real, aquele que efetivamente lê o texto, que o interpreta a partir de suas experiências de leitura. O leitor interno, por sua vez, é apreendido como uma imagem criada pelo sujeito da produção a respeito de seu possível interlocutor, imagem que se materializa sob as várias formas linguísticas e não linguísticas empregadas pelos autores e também pelos editores na construção e na circulação dos textos. As escolhas discursivas feitas no processo de criação dos textos e de sua editoração consideram sempre um leitor virtual, aquele que cada enunciador deseja atingir. Analisando os tipos de textos e a linguagem empregada na construção dos mesmos, tais como as manifestações da enunciação no enunciado e os modos de inserção do enunciatário nos textos que compõem o corpus da pesquisa, podemos descrever traços precisos de seus possíveis leitores.
(Apoio: FAPESP - Processo 2012-06457-0) |