Resumo |
O que possibilita a um gênero a qualificação transgressivo? Para nós ela é cabível em todos os gêneros que de um modo ou de outro, rompem o contrato de comunicação estabelecido previamente entre os parceiros de uma troca comunicativa. No caso da Paródia, a situação apresenta-se mais delicada, no entanto. De modo geral, temos o hábito de dizer que este gênero (ou efeito de gênero?) desconstrói um discurso para, de suas cinzas, fazer surgir outro, dando a ele um tom ou cores mais alegres que as do primeiro, pois, ligadas ao humor. Mas é preciso lembrar que há paródias e paródias e nem todas seguem este mesmo caminho. Eis o que provoca a indagação pela qual intitulamos nosso texto. Gostaríamos assim de examinar neste Simpósio, uma página de uma curiosa produção híbrida, da autora francesa Catherine Meurisse (2005) que, graças a associação insólita de um texto escrito com desenhos que a ela estão ligados, consegue produzir uma parodia sem se afastar nem uma vírgula de um texto original de Alexandre Dumas, pouco conhecido: o elogio que ele faz à colocação (tardia) de uma obra prima de Delacroix no museu do Louvre, em Paris. Como Meurisse consegue essa façanha? É o que buscaremos desvendar em nossa comunicação. Nossa fundamentação teórica está centrada em MACHADO (2013, no prelo), MENDES (2007), GALINARI (2007), CHARAUDEAU (2005) e também em AMOSSY (2006), já que temos o objetivo de mostrar nessa comunicação a união de uma análise discursiva com uma teoria da argumentação. Consideraremos assim como texto tanto o discurso de Dumas como o desenho onde é mostrado o quadro de Delacroix e o forte poder argumentativo que os dois textos (um escrito, outro icônico) concentram no que diz respeito à Paródia que sua união provoca.
Termos-chave: Paródia; efeitos de paródia; análise do discurso; análise argumentativa.
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