Resumo |
O presente trabalho trata da classe conjunção adverbial. O objetivo é (i) rever a adequação da distinção lexical / gramatical atribuída às conjunções adverbiais (Hengeveld e Wanders, 2007; Pérez Quintero 2002, 2006, Oliveira, 2012); e (ii) e discutir critérios que possibilitem classificar uma unidade linguística como elemento conjuncional. A análise se constrói sobre as bases oferecidas pela Gramática Cognitiva (Langacker, 1987) e pela Teoria da Gramaticalização (Hopper e Traugott, 1993; Lehmann, 1995). As noções de gradualidade e gradiência são entendidas aqui como essenciais à compreensão da natureza categorial dos elementos linguísticos. Este trabalho discute que as conjunções adverbiais representam uma classe bastante diversificada no que diz respeito a sua tipologia estrutural e determinação categorial. A reflexão que se faz neste trabalho sobre o conceito da categoria conjunção adverbial se dá em duas frentes. Primeiro, considera-se critérios internos e de natureza estritamente formal. Por esse caminho, revela-se que a classe das conjunções adverbiais, a espelho do próprio sistema linguístico, é bastante instável e heterogênea. Os elementos que se abrigam sob o rótulo conjunção adverbial tem uma natureza estrutural relativamente diferenciada: elementos e construções de natureza gramatical diversas podem entrar nessa classe. Levando-se em conta critérios externos, verifica-se o papel motivador das determinações semânticas e pragmáticas, e considera-se aí, principalmente, a noção de gradualidade. Por esse caminho, verifica-se a natureza gradual da categoria conjunção adverbial para o português. São reconhecidos três pólos de lexicalidade / gramaticalidade dependendo do grau de concretude do significado manifestado pela conjunção: 1) um mais próximo ao polo lexicalidade, no qual os exemplos veiculam alto grau de conteúdo lexical; 2) um mais ao meio do continuum de lexicalidade / gramaticalidade, no qual os exemplos apresentam significado lexical com mudança no significado da fonte de oriegem mais acentuada; e por fim 3) um mais próximo ao polo gramaticalidade, no qual os exemplos têm um significado básico e altamente abstrato. Os dados analisados foram coletados no <www.corpusdoportugues.org>. |