Resumo |
O presente trabalho tem por objetivo geral dar a conhecer um dos procedimentos de formação de palavras mais produtivo nas línguas: a sufixação. Especificamente, serão abordados os processos de sufixação empregados para a formação de diminutivos na língua catalã, já que esta apresenta certas particularidades em relação às demais línguas da Ibéria Românica. A partir de uma perspectiva diacrônica, serão considerados, em especial, os sufixos ITTU e ITTA e ONE, todos herdados da língua latina. No latim falado na Ibéria, o sufixo latino diminutivo ITTU foi distribuído de duas maneiras: et, -eta (< -ĭttu, -ĭtta), na produção catalã, e ito, oriundo de īttu, para grande parte das línguas iberorromânicas.
Ao longo do trabalho, também serão tomados como referência alguns exemplos desses sufixos presentes em outras línguas românicas, a saber, o português, o castelhano, o aragonês, entre outras. Dessa maneira, poder-se-á cotejar a produção, em algumas línguas, desses mesmos sufixos latinos, sejam eles empregados ou não com os mesmos valores encontrados em catalão. Diversos sufixos latinos foram recuperados pelas línguas românicas, porém, de diferentes modos: enquanto uns preservam seu valores genuínos da língua latina, outros passaram por processos de ressignificação, como perda semântica ou mesmo desgaste total do seu caráter sufixal.
Além disso, a produtividade dos sufixos -ĭttu, -ĭtta apresentado é, sem dúvida, superior ao latino one (-ó, em catalão) , que, na língua em questão, é, também, um exímio formador de conotações diminutivas. Já em outras línguas, -one é empregado como sufixo aumentativo, como ão, de uso proficiente em português.
Essa gama divergente do emprego dos sufixos evidencia que existe uma forte permeabilidade semântica dos valores denotativos tanto em catalão quanto nas demais línguas. Provavelmente, essa permeabilidade seja anterior à formação das línguas românicas, ou seja, talvez tenha se delineado já em latim, ou, talvez, constitua uma característica do latim vulgar.
Neste breve estudo filológico, convencionou-se utilizar uma metodologia embasada, essencialmente, na comparação de línguas românicas e, especialmente, no catalão e suas variantes linguísticas.
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