Resumo |
O falar correspondente à região sul do Brasil apresenta mais diferenças do que semelhanças, decorrentes, sobretudo, de fatores sócio-históricos registrados desde o processo de formação de cada um dos estados que compõem esta região. Assim, este trabalho, inserido no âmbito dos estudos geossociolinguísticos, busca discutir, no nível lexical, os diferentes padrões encontrados nesse espaço geográfico. Para tanto, utilizou-se como corpus de análise os dados coletados pela equipe do Projeto Atlas Linguístico do Brasil em 44 municípios sulistas. Tais dados foram coletados nas capitais de cada estado e em pontos linguísticos do interior junto a informantes naturais das localidades, selecionados segundo o perfil estabelecido: homens e mulheres, de duas faixas etárias (faixa I: 18 a 30 e faixa II: 50 a 65 anos), com ensino fundamental de escolaridade. Nesta oportunidade, objetiva-se discutir a distribuição diatópica das variantes lexicais para duas questões propostas pelo Questionário Semântico-Lexical - questão 132 Criança pequenininha, a gente diz que é bebê. E quando ela tem de 5 a 10 anos, do sexo masculino? e 156: as coisinhas redondas de vidro com que os meninos gostam de brincar? (COMITÊ NACIONAL, 2001). Os dados são tratados sob os pressupostos teórico-metodológicos da Geolinguística, buscando comparar os resultados encontrados no corpus do ALiB com os documentados pelo Atlas Linguístico Etnográfico da Região Sul (ALTENHOFEN; KLASSMANN, 2011), especificamente, nas cartas linguísticas 270 (Menino), 271 (Menino outras designações) e 302 (Bolinha de Gude). Buscam-se, também, na história social de cada um dos estados, os indícios da motivação para a predominância de uma variante em detrimento de outras. Os resultados observados evidenciam comportamentos linguísticos diferenciados em cada um dos estados, ou seja, em cada um deles predomina determinada variante, o que ratifica, no nível lexical, as hipóteses de Görsk (2012) e de Altenhofen (2002) acerca da não homogeneidade de padrões linguísticos no Sul do Brasil, nos níveis morfossintático e fonético. |