Resumo |
Essa pesquisa busca analisar, ancorada na Análise de Discurso de filiação francesa, doravante AD, se/como a Escola vem fazendo uso do discurso midiático, principalmente quando esse último apresenta-se como modelo para que os sujeitos-alunos desenvolvam seus textos argumentativos. Assim, temos como ponto de partida para nossas análises o livro didático, isto é, o veículo através do qual o discurso midiático circula na escola e instrumento cuja voz, segundo Pacífico (2007), se faz legitimada como sendo a voz da verdade única e absoluta. Partindo então desse instrumento, mais precisamente de livros didáticos de Língua Portuguesa, investigamos como a ausência de teorias da linguagem e a substituição dessas teorias por textos jornalísticos afetam a produção dos sentidos em textos argumentativos desenvolvidos por alunos do Ensino Médio. Pesquisamos o espaço destinado (ou não) ao ensino da produção de textos dissertativo-argumentativos em livros didáticos utilizados no Ensino Médio, em escolas públicas de Ribeirão Preto, e também, as posições discursivas que são permitidas aos sujeitos-alunos dessas escolas de Ensino Médio ocuparem, em suas produções textuais argumentativas, de modo que, pelas marcas linguísticas presentes nas redações possamos analisar como se dá a relação desses sujeitos com a argumentação e qual a implicação do discurso midiático e dos livros didáticos nessa questão.
Assim, de modo a alcançar esses objetivos, buscamos um corpus constituído por dez livros didáticos de Língua Portuguesa, usados em escolas públicas de Ensino Médio, de Ribeirão Preto, nos anos de 2011 e 2012, a fim de observar se/como as teorias sobre argumentação estão sendo utilizadas. Somando-se a isso, nosso corpus também é formado por redações produzidas por alunos do 3º ano do Ensino Médio, visando a investigar qual posição discursiva eles assumem quando lhes é solicitada a produção de textos dissertativo-argumentativos, ou seja, se eles exercem, ou não, o poder de argumentação. Existe diferença nessas posições quando a teoria e a multiplicidade de textos é trabalhada com o aluno, nos LD? Quando esse trabalho não acontece, os alunos produzem novos sentidos sobre os temas propostos ou reiteram o sentido trazido pelo livro didático, como se esse fosse o único verdadeiro?
Consideramos muito relevante essa postura no que se refere aos estudos linguísticos, uma vez que cada ato de linguagem é novo e único e, portanto, deve ser analisado considerando suas condições de produção.
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