Resumo |
No presente trabalho, temos como objetivo verificar a produção e a circulação de sentidos nos dicionários e no verbete gaúcho. E, assim, verificarmos, também, as condições de produção dos dicionários e refletirmos acerca de como se dá a construção do imaginário sobre o sujeito, a língua e a história. A questão que norteia também esta pesquisa é a de refletir sobre o imaginário a respeito do sujeito gaúcho em suas relações com o sujeito gaúcho hispano-americano, visando identificar como isso se dá no movimento entre a manutenção e a atualização de saberes, via dicionarização. Os dicionários, conforme Auroux (1992), são instrumentos discursivos estabelecendo relação entre sujeitos e saber linguístico. São instrumentos de reprodução de um imaginário, produzidos com uma história; um espaço de circulação de saberes. Para verificarmos a produção de sentidos nos dicionários, nosso olhar se volta para os textos introdutórios dessas obras e também para o verbete gaúcho; a fim de verificar possíveis aproximações ou diferenciações entre uma imagem de gaúcho e outra. Para tanto, constituem o corpus do trabalho dicionários de regionalismos do Rio Grande do Sul e dicionários da língua espanhola. De acordo com a Análise de Discurso de linha francesa tal como foi concebida por Michel Pêcheux e vem sendo desenvolvida no Brasil, e pelos princípios metodológicos propostos por José Horta Nunes em seus estudos sobre os dicionários no Brasil, desenvolve-se, neste trabalho, primeiramente uma análise comparativa entre os dicionários, seus prefácios e definições; e, em seguida, uma análise discursiva, buscando-se apontar alguns efeitos de sentidos presentes nesses discursos. Como resultados parciais, podemos destacar que nos prefácios dos dicionários espanhóis é recorrente a questão de unidade/diversidade linguística. Por outro lado, nos dicionários regionais sul-rio-grandenses, o que se ressalta é a linguagem regional do gaúcho, suas características linguísticas próprias. O funcionamento discursivo presente nesses instrumentos linguísticos remete a uma produção de sentidos entre língua e sujeito. O dicionário é um espaço de circulação de saberes, mantendo e atualizando sentidos, permitindo construir a relação entre língua e saber linguístico. |