Resumo |
O presente trabalho debruça-se sobre a noção de fórmula tal como concebida por Krieg-Planque (2010) para, a partir das características apresentadas pela autora, pensar na possibilidade de estendê-la a outros domínios, que não o exclusivamente verbal. Para tanto, o corpus analisado compreende uma série de ilustrações que retomam o conhecido esquema evolutivo de Darwin. Pensamos haver aí uma dinâmica que, em alguns casos, não é mera paródia, mas uma disputa de espaço na definição do que seja evoluir, especialmente no entorno de discursos sobre a empregabilidade. De acordo com Krieg-Planque (2010), uma fórmula: i) tem um caráter cristalizado; ii) inscreve-se em uma dimensão discursiva; iii) funciona como um referente social; e, por fim, iv) comporta um aspecto polêmico. Há que se lembrar, como brevemente mencionado mais acima, que tais características foram pensadas para materialidades verbais; o caráter cristalizado, por exemplo, diz respeito a uma forma significante relativamente estável, que pode ser, nas palavras da autora, uma sequência lexical simples ou complexa ou ainda uma frase (KRIEG-PLANQUE, 2010, p. 61-62). Assim sendo, seria preciso assumir, em tese, que a cristalização possível no nível verbal poderia ser ampliada para o universo visual, no caso. Embora menos ligadas à dimensão verbal, as demais propriedades de uma fórmula (seu aspecto discursivo, o funcionamento como um referente social e a sua dimensão polêmica) também comportam, na apresentação da autora, uma certa dependência de questões, em alguma medida, linguísticas. É, pois, nesse âmbito que se insere este trabalho: trata-se de um exercício de análise para verificar em que medida é possível ou até mesmo desejável e produtivo expandir tal conceito ou encontrar algum outro no quadro da Análise do Discurso de linha francesa que dê conta da análise de materiais provenientes de outras semioses e de sua circulação, em especial se se considerarem as novas mídias. |