Resumo |
Uma das premissas da Sociolinguística Variacionista é que a variação é inerente à língua, sendo pressionada por fatores internos e sociais que, podem ou não levar a mudanças linguísticas. Assim, a língua geralmente se apresenta estratificada em função de fatores sociais bem definidos como classe social, idade, sexo e escolaridade dos falantes (Cf.LABOV, 2008 [1972]). Esta estratificação não se manifesta de modo rígido no Brasil, pois os brasileiros, oriundos de diversas regiões do país (Cf. RODRIGUES, 1994; PEREIRA, 2004), distribuem-se pelas cidades em torno de um empreendimento de seu interesse, o trabalho, transformando a urbe em uma comunidade de prática linguística diversificada (Cf.:ECKERT,2012). Consequentemente, é possível verificar heterogeneidade tanto nos falares quanto no comportamento social ao se coletarem dados de fala de interlocutores de baixo nível de escolaridade especificamente em São José dos Campos SP, por exemplo, cidade industrializada do interior paulista que atrai pessoas de vários cantos brasileiros e do mundo, mesclando culturas apesar do visível engessamento comportamental voltado ao ilusório progresso financeiro. Em contraste com este comportamento cosmopolita, os indivíduos em pauta, embora atraídos à cidade pelo trabalho e desejos financeiros, são funcionários braçais que exercem suas funções em torno de áreas verdes em universidades, compondo uma amostra de fala entre dois, três ou quatro indivíduos que ainda encontram tempo para um dedim de prosa embaixo de frondosas árvores frutíferas. A intenção de colher dados de fala espontânea em conversação partiu das seguintes perguntas: a) Como detectar com precisão o vernáculo? b) Seriam entrevistas com apenas um informante apropriadas para analisar as formas de tratamento referentes à segunda pessoa do singular? Para responder a estas questões, esta pesquisa tem ancoragem teórica e metodológica baseada na Sociolinguística Variacionista Laboviana, nas discussões de Eckert (Cf.:2001, 2012) sobre comunidade de prática e nas noções teóricas da sociolinguística cognitiva e cognitivo-funcionalistas, que tomam como objeto de análise a língua em uso (Cf. FERNÁNDEZ, 2012; LABOV, 2010; HALLIDAY and MATTHIESSEN, 1999). |