Resumo |
Ao longo de nossa pesquisa pudemos compreender melhor questões sobre o letramento e a autoria, conceitos que estão articulados à prática da linguagem nos livros didáticos e principalmente na escola. Foi pensando no movimento destes conceitos e em nosso objeto de pesquisa, que compreende a linguagem na rede eletrônica e o Livro didático, que resolvemos fazer nossa discussão para este trabalho. Nesse sentido, o nosso objetivo aqui é investigar quais são os desdobramentos discursivos e interdiscursivos que permeiam o LD ao citar um sítio da internet como referência ou fonte de pesquisa para o ensino da língua materna. Portanto, é importante buscar compreender, pelas análises dos recortes retirados dos LD, como a língua é discursivizada e, principalmente, a questão da autoria dos textos dispostos no LD já que em suas referências bibliográficas o nome do autor do texto é silenciado pelo respectivo endereço eletrônico, por exemplo. Vale dizer que para interpretar sentidos outros sobre a linguagem que circula na rede eletrônica e que agora é legitimada pelo LD, fundamentamo-nos nos postulados teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa (AD), e nas teorias do letramento e autoria segundo Tfouni (1995, 2001). Nesse sentido, o caminho metodológico percorrido envolveu, além da realização de uma pesquisa bibliográfica, uma pesquisa de campo, com dois diferentes livros didáticos de Língua Portuguesa usados no quinto ano do Ensino Fundamental I. Por isso é importante destacar que existe, na instituição e nos LD, o ato de interdição, uma vez que não é permitido aos sujeitos-escolares (que ocupam a posição de aluno e de professor) questionar, duvidar do que lêem, tampouco, atribuírem sentidos sobre os discursos presentes em seu cotidiano escolar. O LD representa a legitimação do saber (Pacífico, 2007), e trabalha segundo uma concepção positivista de que a língua (falada e escrita, especialmente esta modalidade) tem sentido único e verdadeiro. Desta maneira, entendemos que como professores-pesquisadores precisamos ocupar a posição de um sujeito capaz de estranhar o que o LD muitas vezes coloca, como certo definitivo e inquestionável. Afinal a linguagem não é única e definitiva, ela está sujeita a falhas e entender isso é um movimento importante para interpretar e enxergar outras possibilidades no âmbito social e escolar.
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