Resumo |
O interesse de falantes de outras línguas em aprenderem o português do Brasil tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, refletindo uma tendência contemporânea de maior estreitamento entre as diferentes culturas, bem como um cenário favorável à economia brasileira no campo das relações comerciais entre países. Seguindo esse movimento, crescem as atividades de ensino, pesquisa e difusão do ensino de Português como Língua Estrangeira (PLE) e, nesse sentido, tem-se o surgimento de um novo campo que também deveria fazer parte dos currículos dos cursos de formação de professores de línguas. Esse crescente interesse tem despertado a necessidade de reflexão a respeito da formação de professores de PLE, levando-se em consideração que muitos cursos de licenciatura em Letras ainda não estão preparados para essa demanda e o Brasil carece de uma política linguística que dê conta desse contexto. Dessa forma, é essencial que os professores de língua em formação desenvolvam uma atitude reflexiva a respeito de sua prática, a fim de não incidirem em um ensino baseado apenas em questões estruturais e exercícios de gramática em uma versão mais tradicional, sem enfatizar os usos sociais da língua nas diversas áreas de atividade humana e sem enfocar o discurso como um campo de exercício de poder. Portanto, o presente estudo tem como objetivos refletir sobre o processo de formação de professores de PLE, no contexto de um Centro de Línguas, a partir das experiências de professores-estagiários. Para tanto, buscamos descrever essas experiências de ensino/aprendizagem de PLE no contexto do Centro de Línguas e Desenvolvimento de Professores (CLDP) da UNESP de Assis, a fim de propor, como contribuição para o processo em questão, uma reflexão sobre práticas e construção de saberes que possam vir a subsidiar o ensino de PLE em outros contextos. Dessa forma, esse projeto baseia-se nas seguintes perguntas de pesquisa: a) como os alunos de Letras, professores em formação, veem o ensino de PLE; b) que dificuldades se apresentam durante o processo; c) que recursos e estratégias são utilizados para transpor essas dificuldades. Como instrumento de coleta de dados, utilizaremos as gravações das reuniões de orientação de língua (com a docente responsável pelo projeto), gravações de aulas de PLE no CLDP, atividades reflexivas registradas em diários, entrevistas e questionários, os quais serão analisados a partir de uma abordagem comunicativa e intercultural para o ensino de línguas e sob a perspectiva da pesquisa narrativa.
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