Resumo |
A linguagem e sua estrutura há muitos séculos instigam o homem. São muitos os especialistas que ainda hoje buscam descrever toda a complexidade da linguagem humana, para que possam nomear, categorizar e dominar o universo das palavras. Este trabalho propõe a análise do item lexical diabo e, também, das variações desse item lexical proferidas por sujeitos-entrevistados, pois nos dois atlas linguísticos desenvolvidos na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) outros itens lexicais foram registrados. Os sujeitos-entrevistados respondiam à questão número 147, a saber: Deus está no céu e no inferno está...? Para a análise dos itens lexicais, utilizar-se-á os conceitos de Coseriu (1979) sobre os três níveis de atualização da língua: sistema, norma e fala, sendo que a análise do aspecto semântico lexical está fundamentada em Pottier (1975). Também serão utilizadas definições de dicionaristas para localizar como os itens lexicais estão apresentadas no sistema, portanto comparar-se-ão as ocorrências encontradas nos dois atlas que denotam as ocorrências na fala do sujeito às encontradas nos dicionários que demonstram o sistema linguístico. Pretende-se, também, mostrar a relação e a influência dos aspectos socioculturais da comunidade de fala para a escolha desses itens lexicais como resposta à questão, para tanto recorrer-se-á aos estudos da Sociolinguística Interacionista. Toda a dinamicidade da língua é evidenciada no léxico, nível linguístico que melhor expressa a mobilidade das estruturas sociais, o qual reflete a maneira como a sociedade vê e representa o mundo. Quando um falante transmite uma mensagem, é possível ao interlocutor depreender o estilo pessoal de quem fala, imaginar a que grupo pertence. E Tudo o que se produz em linguagem só faz sentido porque é produzido em sociedade, pela interação entre os sujeitos. A linguagem é orientada pela visão do mundo, expressa emoções, ideias, propósitos, desejos norteados pela realidade social, histórica e cultural do sujeito. O espaço geográfico pode determinar o modo como um objeto será nomeado. Assim, a língua, conforme o espaço sofre variações, estas são denominadas diatópicas. As variações diatópicas têm sido objeto de estudos científicos na área da Dialetologia e da Geolinguística, sobretudo na elaboração de atlas linguísticos. As variações linguísticas expressam a situação real de uso da linguagem do sujeito num espaço determinado, e também denotam as características sócio-histórico-culturais de uma comunidade linguística. |