Resumo |
A distinção tético-categorial foi proposta primeiramente em termos filosóficos por Franz Brentano no século XIX. Segundo sua Teoria do Julgamento, o julgamento categorial engloba a estrutura bipartida sujeito-predicado, em que primeiro se apresenta uma entidade e, a seguir, faz-se uma afirmação sobre ela; por outro lado, o julgamento tético expressa o reconhecimento ou a rejeição do material de um julgamento. Várias teorias linguísticas se inspiraram nessa distinção, dentre os quais Mathesius (1983), em que essa distinção se relacionava com a estrutura sujeito e predicado, e Kuno (1972), que propôs o termo descrição neutra para as sentenças téticas, em que, segundo o autor, o foco cai sobre toda a sentença e não há informação pressuposta pragmaticamente. A perspectiva teórica adotada neste trabalho é o da Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD & MACKENZIE, 2008), que propõe, em termos pragmáticos, a existência de três modos de empacotamento da mensagem: tético, categorial e apresentacional. No molde de conteúdo tético, todo o Conteúdo Comunicado recebe a função pragmática de Foco, isto quer dizer que tudo o que o falante deseja evocar na comunicação com seu ouvinte é selecionado como uma informação nova com relação ao conteúdo discursivo. No molde de conteúdo categorial, o Subato Atributivo ou Referencial carrega a função pragmática de Tópico, enquanto no molde de conteúdo apresentacional, o Subato tem a função pragmática de Foco. A partir dos pressupostos da Gramática Discursivo-Funcional, pretendemos propor uma análise das orações relativas na lusofonia, segundo o modo como o Falante empacota sua mensagem para atingir determinados objetivos que tem em mente no momento da interação. Para isso, utilizamos, nesta pesquisa de cunho qualitativo, o córpus Português Falado, produzido pelo Projeto Português Falado, Variedades Geográficas e Sociais, coordenado pelo CLUL (Centro de Linguística da Universidade de Lisboa), realizado em parceria com as Universidades de Toulouse-le-Mirail e de Provence - Aix-Marseille e representativo de todas as variedades oficiais da língua portuguesa falada.
(Apoio: Secretaria da Educação do Estado de São Paulo)
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