Resumo |
O trabalho que será apresentado tem por objetivo refletir acerca da questão da influência da gramática normativa nas diversas instâncias da vida em sociedade, nos dias atuais. Tomaremos por base a pesquisa empreendida por Neves (2010), em que pesquisou um grupo de 170 professores da rede oficial de ensino de quatro cidades do Estado de São Paulo e em que se conclui que o ensino da gramática normativa foi em grande parte substituído pelo ensino da gramática descritiva. Segundo a autora, com o advento das teorias linguísticas que foram incorporadas pela Universidade, na segunda metade do século XX, a gramática normativa perdeu sua força de influência e criou-se espaços para construção de outras abordagens sobre a língua nas escolas. Como resultado da pesquisa e após constatar que o ensino da gramática normativa era considerado pela maior parte dos professores um ensino inócuo, que não apresentava a pretendida melhora no desempenho linguístico dos alunos, Neves construiu a proposta de um novo modelo de ensino da língua portuguesa, ancorada nos princípios teóricos do funcionalismo. Por outro lado, esta transição, a substituição ou a incorporação de um modelo calcado na gramática normativa por um modelo não prescritivista, não é elementar, e envolve uma série de fatores linguísticos, ideológicos e mercadológicos que acabam por estabelecer uma forte resistência para que esta transição se consolide. Portanto, após mais de 20 anos da pesquisa empreendida por Neves (1990), que apontava para uma direção sobre o futuro da gramática normativa na escola, tentaremos através de uma breve pesquisa nos Guias dos Livros Didáticos do Ministério da Educação, nos vestibulares e em concursos públicos levantar a hipótese de que a gramática normativa ainda permanece viva e influente na escola e que talvez, nesta última década, ainda tenha adquirido mais força como instrumento de controle da expressão da comunicação dos indivíduos. |