Resumo |
Este trabalho tem o objetivo de analisar alguns aspectos da circulação do discurso do urbanismo em jornais de circulação diária. A partir da perspectiva da Análise de Discurso, são analisados textos em que estão presentes termos que indicam explícita ou implicitamente alguma filiação ao discurso urbanístico. Foram selecionadas notícias dos jornais Folha de S. Paulo, de São Paulo, e Correio Popular, de Campinas. Mais especificamente, iniciamos as análises identificando nos jornais ocorrências da lexia metrópole. Uma vez identificados os textos em que ela ocorre, analisamos tal corpus com base no dispositivo teórico e metodológico da Análise de Discurso, explicitando os funcionamentos discursivos, bem como as marcas linguísticas aí presentes. Durante a análise, atentamos para a produção de sentidos que envolvem tanto a lexia de entrada (metrópole) quanto outras marcas lingüísticas lexicais, sintáticas e enunciativas relacionadas a ela. Para a análise da formulação dos textos, identificamos relações de co-referência no intradiscurso e relações verticais no interdiscurso, trabalhando os domínios de atualidade e de memória. Outro procedimento adotado é o de examinar a ocorrência de algumas das lexias, dentre as reunidas na primeira etapa de análise, em textos de urbanistas, a fim de mostrar de que modo alguns termos circulam de um a outro domínio do corpus. Isso permite compreender o processo de migração de sentidos entre o discurso científico e o discurso jornalístico. Desse modo, as marcas linguísticas analisadas são consideradas como índices de discursividades urbanas que condicionam a produção de sentidos a partir de diferentes discursos e posições de sujeito. Outra questão que propomos em nosso dispositivo analítico é a de saber como se dão as relações da ciência e do jornalismo com a sociedade, a história e o Estado, tal como observadas nos discursos analisados. Dessa perspectiva, tanto a posição do cientista quanto a do jornalista não são consideradas exteriores ao político, mas sim imbricadas no complexo ideológico em que se inserem, bem como nas formações imaginárias aí constituídas. Os discursos sobre as metrópoles circulam mais intensamente no Brasil após a criação nas últimas décadas de várias regiões metropolitanas. Que sentidos são aí mobilizados e como os sujeitos e os espaços citadinos estão aí significados? Como as marcas linguísticas participam da constituição desses sentidos?
(Apoio: FAPESP - Processo 2012-22917-0)
|