Resumo |
Com este trabalho pretendo traçar a diacronia das orações relativas procurando responder as seguintes questões: (i) está havendo perda de traços na marcação de concordância no PB?; (ii) está havendo uma preferência pela utilização dos relativizadores que e onde? Para tanto, serão analisados dados de língua escrita do português brasileiro, que recobrem o período que vai do século XVI ao XXI, e dados de fala dos séculos XX e XXI, coletados no corpus mínimo do projeto Para a história do português brasileiro, no qual se insere esta pesquisa. Para que os objetivos principais sejam atingidos, serão desenvolvidos os seguintes passos: (i) descrição e análise das orações relativas, a fim de traçar o comportamento sintático e semântico dessas orações; (ii) identificação, descrição e análise dos relativizadores, a fim de traçar os usos e as linhas gerais de mudança pelos quais tais itens passaram; e (iii) identificação da relação entre relativizadores e a marcação de concordância nos sintagmas nominais e verbais, quando for o caso, objetivando revelar uma relação que possa estabelecer motivações para que ocorra ou não a marcação de plural. A concordância é, nas palavras de Corbett (2006), uma questão de transferência de traços. Em outras palavras, segundo Castilho (2010), a concordância é um fenômeno de projeção, em que um operador lança seus traços gramaticais e semânticos em seu escopo. De acordo com essa abordagem, o estudo da concordância deve levar em conta o ativador gramatical, o ativador semântico e o ativador discursivo. Com base nessas considerações, retomo Moraes de Castilho (2001), que considera três tipos de concordância: concordância plena (CP); concordância por reanálise (CR) e concordância zero (CØ). Seguindo essa perspectiva, além de contribuir com a descrição da concordância no PB, este estudo servirá também para pesquisas sobre a história das orações relativas, sobre estratégias de relativização e sobre novas generalizações no que se refere ao funcionamento e às mudanças dessas construções. Por fim, apesar de serem assuntos já bastante estudados na área, ainda não foi realizado um estudo que combinasse os dois fenômenos e que focalizasse uma abordagem diacrônica.
Referências bibliográficas:
CORBETT, Greville G. Agreement. New York: Cambridge University Press, 2006.
CASTILHO, Ataliba T. de (2010). Nova gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto.
(Apoio: Capes) |