logo

Programação do 61º seminário do GEL


61º SEMINáRIO DO GEL - 2013
Título: O discurso do cotidiano do século 17: a sátira atribuída a Gregório de Matos e o papel das figuras
Autor(es): Elizabete Enz Hubert. In: SEMINÁRIO DO GEL, 61 , 2013, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2013. Acesso em: 23/11/2024
Palavra-chave Stira,Metfora,Figura
Resumo No Brasil-colônia do século 17, a prática de récitas era bastante comum e uma forma muito expressiva de entretenimento, fazendo parte do cotidiano daquela sociedade. Também ali, era preciso que o enunciador seduzisse seu auditório, estabelecendo condições para a formação de uma “comunidade efetiva de espíritos”. O repertório satírico atribuído ao poeta baiano Gregório de Matos Guerra tinha a comicidade como técnica para atrair a atenção sobre o objeto de seu discurso e conquistar a adesão do auditório. Para possibilitar uma comunicação eficaz e sedutora, o enunciador, além da linguagem comum, considera os valores e crenças de seu auditório. Com base na Teoria da Argumentação de Perelman e Tyteca e na Retórica da Poesia, do Grupo µ, de Liège, pretendemos examinar os textos satíricos principalmente do ponto de vista das figuras e de sua influência na adesão do auditório. Du Marsais, autor do século XVIII, citado por Dubois et alii, na Retórica Geral, dizia que se “fazem mais figuras em um dia de mercado na praça, que em vários dias de assembleias acadêmicas”, por isso as figuras, em especial as metáforas, são parte do cotidiano: são produzidas, percebidas e assimiladas, de forma que o sentido ora figurado, passa a ser natural. Perelman e Tyteca propõem a classificação das figuras como de escolha, presença e comunhão, de acordo com sua a função na produção discursiva, uma vez que uma determinada figura nem sempre provoca o mesmo efeito argumentativo. O Grupo µ estuda as figuras a partir das operações fundamentais que lhe dão origem e as classifica de acordo com o desvio produzido na expressão (metaplasmos e metataxes) ou no conteúdo (metassememas e metalogismos). A sátira, por um lado, precisava causar impacto e provocar o riso da audiência. Por outro, tinha um “efeito moral”: estava a serviço da prudência e da moderação. As sátiras recriminavam o clero, a nobreza, a corte, governadores, entre outros e, para atingir seus co-enunciadores, o enunciador vai pelo caminho da doxa, ou seja, das verdades aceitas pela sociedade da época. As análises deverão apresentar o caráter persuasivo das sátiras, seu papel na argumentação e chegar à intenção do enunciador, ou seja, de agradar e agir sobre os outros por meio do discurso.