Resumo |
O presente trabalho tem por objetivo investigar o estatuto informacional do referente do SN avaliado nas predicações avaliativas reduzidas encaixadas no verbo achar (doravante PNVRA) do tipo eu acho interessante assim:: a a pesquisa (AC-044), em que, em um predicado avaliativo estruturado pelo verbo achar, encaixa-se uma predicação não verbal reduzida, sem cópula, estruturada por um predicador adjetival avaliativo. O referencial teórico a ser utilizado está amparado nos estudos sobre o estatuto informacional de constituintes, especificamente na taxonomia proposta por Prince (1981). A autora classifica o tipo de informação veiculada nos sintagmas nominais a partir do conceito de familiaridade presumida, entendido não apenas como o conjunto de conhecimentos, crenças e saberes partilhados por falante e ouvinte, mas também como as hipóteses acerca desse conjunto de conhecimentos do outro podem afetar as formas e compreensão das produções linguísticas. Uma entidade é considerada nova se for introduzida pela primeira vez no discurso, evocada, quando um sintagma nominal se refere a uma entidade já presente no modelo discursivo do ouvinte, e inferível se o ouvinte pode identificar o referente pretendido, por meios lógicos, a partir de outra entidade evocada ou inferível. Para a investigação do fenômeno proposto, foi composta uma subamostra do Banco de dados Iboruna, de responsabilidade do Projeto ALIP (GONÇALVES, 2007). Os dados revelam que no total de ocorrências encontradas no córpus, apenas em 5.3% o referente avaliado codifica informação nova. Esse dado permite afirmar que as PNVRA não são preferidas no momento em que o falante quer transmitir uma informação nova ao seu ouvinte. Fato que comprova essa constatação é a frequência de referentes avaliados que expressam informação evocada no córpus investigado, representando mais da metade do total de ocorrências (77.2%). Verificamos que os falantes optam por transmitir uma informação evocada por meio das PNVRA para expressar o seu julgamento acerca de um referente sobre o qual está tratando em seu discurso e que, portanto, constitui uma informação dada para o ouvinte. Já os constituintes codificadores de informação inferível representaram pouco mais de 15% do total de ocorrências, configurando o segundo tipo mais recorrente em nosso córpus. Esse dado está relacionado ao número de referentes evocados encontrados porque mostra a preferência do falante por utilizar uma construção do tipo PNVRA para transmitir sua avaliação acerca de um referente que, ainda que não explícito em seu discurso, constitui uma informação que pode ser identificada pelo ouvinte por meios lógicos. (CAPES) |