Resumo |
Frequentemente, o termo conotação (por vezes acompanhado do qualificativo social) é utilizado para designar a coloração estilística observada nos textos, que pode constituir uma fisionomia de ordem individual ou coletiva. No quadro teórico da linguística estruturalista, o conceito de conotação é registrado nos escritos de Louis Hjelmslev em Prolegômenos a uma teoria da linguagem bem como no Résumé of a theory of language. Logo nas primeiras páginas do breve capítulo dos Prolegômenos intitulado Semióticas conotativas e metassemióticas, o leitor encontra uma pequena lista de variantes estilísticas possíveis, dentre as quais pode-se encontrar categorizações relacionadas à adequação a formas estéticas fixas (verso, prosa, etc.), ao grau de originalidade do estilo (imitativo, inovador, etc.), aos estados emotivos, à expressão de valores vernaculares (regionais e nacionais) entre outros.
Como se pretende explanar nesse trabalho, as reflexões de L. Hjelmslev sobre as semióticas conotativas não passaram despercebidas a Algirdas Julien Greimas, idealizador da semiótica discursiva gestada na chamada Escola de Paris a partir da década de sessenta. Em diversos momentos de seu trabalho, Greimas resgata a conotação hjelmsviana e busca aprimorar a formulação de modo a diversificar e ao mesmo tempo especificar suas possíveis aplicações práticas. Em nossa exposição, o foco será dado apenas a aspecto específico da conotação, nomeadamente aquele relacionada aos valores conotativos sociais. Os diversos excertos de trabalhos de Greimas mostram que o autor idealizava a expansão das semióticas conotativas para além do nível linguístico e textual em direção às práticas discursivas.
Essa ampliação do raio de alcance da conotação está intimamente relacionada à premissa epistemológica segundo a qual a semiótica constitui a ciência geral da significação humana tanto no domínio das linguagens verbais (campo de investigação da linguística) quanto no das linguagens não-verbais. Desse modo, a conotação poderia expandir a sociolinguística, entendida como o estudo dos valores socialmente atribuídos às variantes na língua, em uma sociossemiótica, encarregada de estudar os valores socialmente atribuídos às variantes no discurso. |