Resumo |
A pesquisa com vistas à investigação histórica de itens linguísticos, sobretudo no que diz respeito aos sufixos, tem sido uma das preocupações do GMHP Grupo de Morfologia Histórica do Português da Universidade de São Paulo, coordenado pelo Prof. Dr. Mário Eduardo Viaro, proporcionando, desse modo, o surgimento de investigações tanto no âmbito diacrônico quanto no sincrônico, o que muito tem contribuído para o conhecimento dessas unidades da língua portuguesa. Inserido nas propostas desse grupo e considerando o sufixo, portanto, como uma unidade significativa, este estudo, ao oferecer uma abordagem sobre o sufixo diminutivo português -inho, não o analisa somente na perspectiva de seu funcionamento nos textos em que é empregado, mas, principalmente, na perspectiva de como ele tem sido descrito na tradição gramatical de língua portuguesa, desde as primeiras gramáticas que surgiram até as que foram publicadas em tempos mais recentes, o que faz dele não só uma investigação em morfologia histórica, mas também uma abordagem na perspectiva da historiografia da língua portuguesa. Com isso, pretende-se, em especial, identificar como esse sufixo tem participado da formação de palavras em língua portuguesa desde o século XVI e como essa sua participação nesse processo tem sido percebida e avaliada por gramáticos a partir dessa época. Para alcançar esses objetivos, serão analisadas dez gramáticas de referência, a saber: OLIVEIRA, 1975 [1536]; BARROS, 1540; REIS LOBATO, 1770 [1721]; FONSECA, 1799; BARBOSA, 1830 [1822]; RIBEIRO, 1881; PEREIRA, 1907; SAID ALI, 1923; CUNHA & CINTRA, 2001 [1985] e BECHARA, 2009 [1961]. A partir das análises que aqui foram empreendidas, foi possível identificar que o sufixo -inho sempre foi apontado como o sufixo diminutivo mais produtivo em português, ao mesmo tempo em que se pode perceber uma alteração na maneira como esse sufixo foi descrito ao longo desses vários séculos, o qual deixa de ser apontado como sufixo de uso culto e passa a ser considerado sufixo popular. |