Resumo |
Sabe-se que de 1907 à 1911, Saussure ministrou três cursos de linguística geral na Universidade de Genebra. O conteúdo desses cursos, fundamentado nas notas de alguns de seus alunos, foi publicado postumamente por Charles Bally e Albert Sechehaye, sob o nome de Curso de Linguística Geral, e foi o responsável pela fundação da Linguística moderna. É válido ressaltar que os estudos de Saussure durante esse período não se restringiram ao âmbito da linguística, abarcando também os estudos anagramáticos (1906-1911) e as lendas germânicas (1903-1910). Ademais, é perceptível que esses estudos, apesar de serem distintos, foram desenvolvidos concomitantemente aos cursos de linguística geral. Isso fez com que alguns estudiosos defendessem a existência de uma dicotomia nos estudos saussurianos: haveria um Saussure diurno, que ministrava cursos de linguística; e um Saussure noturno, que se detinha no estudo dos anagramas e das lendas germânicas. Por outro lado, Turpin (1992) afirma que os estudos sobre os anagramas e as lendas germânicas não podem ser dissociados da pesquisa em linguística na medida em que eles se relacionam teoricamente. (cf. TURPIN, 1992, p. 301). Concordamos com Turpin (1992) e pretendemos explicitar de que maneira as considerações saussurianas sobre a língua interferem na pesquisa sobre as lendas germânicas. Tendo em vista que, de acordo com Starobinski (1974), os estudos sobre as lendas germânicas estão compreendidos em cerca de dezoito cadernos além de várias folhas avulsas -, catalogados sob os números Ms. Fr. 3958 e Ms. Fr. 3959), optamos por analisar o manuscrito Ms. Fr. 3958, especificamente o quarto caderno, que foi adquirido na Biblioteca Pública e Universitária de Genebra. O nosso objetivo principal é tentar estabelecer relações teóricas entre o conteúdo desse manuscrito e o conteúdo do Curso de Linguística Geral, especificamente com conceitos importantes da teoria linguística, tais como signo linguístico, arbitrariedade e valor linguístico. (Apoio: CAPES-DS) |