Resumo |
Neste trabalho, pretendemos partilhar um recorte de minha tese de doutorado em andamento, com orientação da Profa. Livre-Docente Lucília Maria Sousa Romão, em que introduzimos a noção de sujeito discursivo de acordo com a teorização proposta por Michel Pêcheux (1975 - 1983) e sua interface com a Psicanálise freudiana, com releitura de Jacques Lacan (1964). Este sujeito da/na história, entre significantes do discurso ideológico e do discurso do inconsciente é um sujeito que não é reconhecível pelo discurso da ciência positivista cartesiana de forma imediata, pois não é empírico, ainda que se materialize discursivamente; não é quantificável, mas emerge em todo discurso e revela as formações ideológicas que sustentam as formações discursivas que regulam os sentidos possíveis e impossíveis a todo intradiscurso; não é, por fim, codificável como um DNA, pois sua materialidade é linguageira, discursiva. É um sujeito que fura com a ciência absolutista, pois ele é movente, errante, está na relatividade, nos entremeios, entre significantes, entre redes associativas que se (des)encadeiam e se (des)anelam, em uma dinamização ainda mais volátil nesta contemporaneidade em que a voz é projetada em imagem na tela de um aparelho eletrônico qualquer que sirva de suporte para conectar sujeito à grande teia mundial da WWW. Para Pêcheux (1975) a forma-sujeito do discurso segue uma construção que desemboca na tentativa de diferenciar o sujeito-ego-eu, que é assujeitado, de uma posição sujeito que emerge no discurso. Questiona-se, em consonância com Pêcheux (1983): O sujeito seria aquele que surge por instantes, lá onde o ego-eu vacila? (p.317). Deste seu questionamento, extraímos a entrada da teorização de sujeito para a Psicanálise, por onde nosso intercâmbio conceitual permitirá teorizarmos sobre os sujeitos em discurso na ciber-via, onde coletamos nosso corpus de análise e de onde pretendemos demonstrar o funcionamento discursivo de sujeitos-internautas que emergem como posições discursivas afetadas diretamente pela formação ideológica do capitalismo. Nosso fragmento de corpus é um fio do discurso sobre a rebornagem, fenômeno de nossa contemporaneidade constituído por sujeitos-mulheres que vivificam o morto (e, na dialética, mortificam o vivo). (FAPESP 2011/01395-3). |