Resumo |
Onde se localiza o sujeito contemporâneo? Questão que se coloca já de saída. Pensemos então no sujeito e seus discursos no tempo que o situa para além de si mesmo. O sujeito do inconsciente, constituído que é via significantes ofertados pelo Outro lugar de tesouro dos significantes, é também, seguindo minha linha de pensamento e pesquisa em tese de doutorado, constituído via silêncio. Trago o silêncio não como falta ou vazio, mas como possibilidade de outros dizeres. Silêncio que atravessa as palavras, segundo Orlandi, há silêncio nas palavras (ORLANDI, 1995, p. 11). E, podemos dizer que havendo silêncio nas palavras, há sentido no silêncio, posto não ser o silêncio aquilo que sobra da linguagem, ele é pois, condição para que possa haver significação, possibilitando outros dizeres, uma vez que não se pode falar de um dizer pleno.
Em minha pesquisa de doutorado elaboro a questão de ser o silêncio da ordem da transmissão. Há uma transmissão, via silêncio, que constitui o sujeito. Uma transmissão de ordem inconsciente. Assim como os significantes são ofertados ao outro pelo Outro, também o é o silêncio. Deste modo, significantes e silêncio constituem o sujeito.
Assim se coloca o sujeito contemporâneo, constituído por significantes e silêncio, remetendo-nos aos tempos do sujeito. Sujeito contemporâneo que pretende presentificar-se a todo instante no tempo, como se pudesse abarcar a completude. Sujeito inserido em um tempo que o situa para além de um tempo que pode ser mensurado. Penso na possibilidade de que o sujeito permaneça suspenso em um tempo em que não sabe como se localizar, posto que inserido está nos fios condutores de encontros e desencontros, via web, que supostamente perpetuariam o tempo do presente, no gerúndio dos acessos. Poder estar ao mesmo tempo em vários lugares, este é o desafio, inscrito pelas condições de produção dadas pelas tecnologias de comunicar, para o sujeito contemporâneo; isto é, basta estar em um só lugar, para poder estar, ainda que imaginariamente, em todos os outros cantos que desejar. É pelos fios imaginários da web que este sujeito vai ao encontro do(s) outro(s) em um tempo que podemos chamar de real, mensurável, apenas de modo singular, posto ser pontualmente real tão somente para aquele que está diante da tela.
Assim, percorrendo os caminhos da Análise de Discurso, segundo Michel Pêcheux e da Psicanálise lacaniana, proponho pensar o sujeito e seus discursos inserido no tempo.
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