Resumo |
A constatação de que o ensino escolar não está suprindo os requisitos da sociedade atual, precisando de reformulações, fez com que Isabel Alarcão(2001) e seus colaboradores lançassem uma planificação de uma escola reflexiva, analogamente ao que Nóvoa(1995) e Schön(1998) chamaram de professor reflexivo.
É esta Escola Reflexiva pautada na prática da criatividade científica que coloco como base nas questões da atuação da escola para os sujeitos. O sujeito aluno é aquele que ressignifica seus compromissos com o mundo numa escola que se propõe a refletir, argumentar, ouvir, questionar: chamar todos os sujeitos envolvidos ali a se constituírem com/na linguagem em atitude responsiva.
Não se trata apenas de uma prática discursivo-pedagógica comum, mas daquela que se organiza com propriedade, produz e usa conhecimento para intervir, orienta pela informação mais atualizada possível, coloca questões pertinentes e as enfrenta, elegendo o fluxo do movimento como inspiração e rejeitando a permanência do mesmo e a fixidez mórbida do passado(GERALDI,2010).
Partindo destas discussões de ensino abordadas por Geraldi(2010), a respeito da concepção sobre a movimentação da prática do gênero do discurso aula, propomos analisar dialogicamente como são construídas as compreensões sobre o movimento de circulação e emergência de vozes que ressignificam o conceito de aula de Matemática na revista educacional "Nova Escola"; como o discurso do professor de matemática se manifesta ao longo da história desta revista? Como podemos estabelecer relações discursivas entre estas falas e os discursos veiculados pelos documentos oficiais das propostas curriculares geradas? É de extrema importância que sejam desenvolvidas pesquisas que abordem os embates de questões teórico-práticas do momento aula, no sentido de aprofundarmos discussões que nos levem a lugares que dinamizem os processos intersubjetivos e nos proporcionem reflexões sobre o estar, o ser e o vir a ser no mundo, permitindo ampliar as discussões sobre formação de professores e sobre a produção de identidade na escola.
O objetivo aqui é realizar uma análise discursiva de gêneros do discurso jornalístico, a fim de investigar o diálogo que vozes de professores de matemática produzem na revista "Nova Escola", verificando se há movimentação na concepção de aula de Matemática ao longo da história deste material, e como se procede a relação destas vozes com o discurso oficial da Educação brasileira, com o discurso científico e com o senso comum produzido na mídia. Pretende-se, com isso, dialogar com as reflexões de Geraldi(2010) embasadas em escritos do círculo de Bakhtin, sobre o discurso em movimentação. |