Resumo |
A proposta deste estudo, ainda em fase inicial do Curso de Doutorado, foi investigar em que medida se aproximam e/ou se distanciam os momentos de quebras na amarração dos significantes, mostrados por hesitações, na atividade discursiva de três sujeitos com Doença de Parkinson. Caracterizamos como amarração dos significantes os momentos em que as relações sintagmáticas (concatenação dos significantes) e associativas (seleção dos significantes) ocorreram sem marcarem rupturas na linearidade do fio discursivo e, na situação oposta, como quebra na amarração dos significantes. Os objetivos que nortearam essa investigação foram: (i) investigar a frequência de rupturas na amarração dos significantes ocorrentes nos enunciados dos sujeitos, (ii) avaliar de que modos, no discurso dos sujeitos , se estabelecem relações entre os elementos de seus enunciados e os indiciadores de rupturas do dizer; e (iii) analisar em que medida as limitações de natureza cognitiva ou motora impostas pela Doença de Parkinson interferem numa possível diferença quantitativa e qualitativa entre os sujeitos nos momentos do recorte do estudo. Os sujeitos da pesquisa são: S.P.1 ( sexo masculino, 59 anos, 1ª série do Ensino Médio, mestre de obras), S.P.2 ( sexo feminino, 75 anos, 3ª série do Ensino Fundamental, dona de casa) e S.P.3 ( sexo feminino, 39 anos, Ensino Superior Completo, Advogada). No material, primeiramente identificamos as marcas hesitativas concebidas como fenômenos discursivos correspondentes aos momentos de quebras na amarração dos significantes. Além disso, a partir do conceito de deriva (equivocidade inerente aos processos do uso da linguagem), detectamos quatro funcionamentos de controle da deriva: reformulação antecipada, reformulação com paralelismo explícito, retomada e contextualização e; um de não-controle: reformulação não-materializada. Como resultados, até onde nosso trabalho avançou, observamos que, mesmo com condições de saúde iguais, mas com características distintas, os três sujeitos mais controlam do que não controlaram a deriva, apresentam em maior ocorrência o mesmo funcionamento de controle da deriva, e, por fim, mostraram a mesma proporção na distribuição das marcas hesitativas. No entanto, diferenças qualitativas também foram vistas na maneira com que cada sujeito parece interpretar a sua vivência com a Doença, revelando, nos momentos em que a temática foi a Doença de Parkinson, diferenças linguísticas quanto ao emprego do tipo, combinação e frequência das marcas hesitativas, além de uma tendência no uso de um tipo de funcionamento de controle da deriva para cada sujeito. |