Resumo |
Sabe-se que a intertextualidade é considerada, em seu sentido estrito, como um fenômeno de remissão a outros textos efetivamente produzidos. Entretanto, levando-se em conta as necessárias relações estabelecidas entre os enunciados, entendemos que a intertextualidade, em sentido amplo, constitui um fenômeno que estabelece modelos de produção e recepção de textos/discursos, relacionando e distinguindo, desse modo, gêneros e tipos textuais. Assim sendo, neste estudo, dedicamo-nos a investigar o estabelecimento de relações intertextuais stricto sensu e lato sensu em três textos, sejam eles: O homem amarelo, de Maria Adalzira de Oliveira, postado no blog Do erudito ao popular; A Cobra-Grande engole tudo, presente na coletânea Mário Curica no imaginário popular brevense (2002), de Leonildo Guedes; e O dia em que Pantaleão pescou um tubarão que não foi pescado por ele, mas é a mesma coisa, de Chico Anysio, publicado no livro É mentira, Terta? (1973). No estudo, enfatizamos suas aproximações e seus distanciamentos em relação aos modelos genéricos/tipológicos do conto popular e da estória oral. Para tanto, utilizamo-nos, especialmente, do conceito bakhtiniano de gênero, dos trabalhos de Marcuschi (2002, 2008), Bentes da Silva (2000), Câmara Cascudo (1984), Gotlib (1985) e Moisés (1994), a partir dos quais pudemos desenvolver a caracterização dos três gêneros abordados neste trabalho: conto popular, estória oral e conto literário; da subdivisão do fenômeno intertextual sugerida por Koch, Bentes e Cavalcante (2008); e da noção de gap intertextual, proposta por Bauman e Briggs (1995). A partir de nossas análises pudemos constatar o estabelecimento de uma série de relações intertextuais stricto sensu, de natureza temática, estilística, implícita e explícita, as quais colaboram em grau variável para a legibilidade dos textos. Ademais, verificamos que, apesar da guardarem entre si uma patente relação de intertextualidade tipológica, as três narrativas têm características diferenciadas, que nos permitem classificá-las em três gêneros distintos tendo por base a maximização ou minimização do gap intertextual que cada texto apresenta em relação ao modelo genérico/tipológico associado ao conto popular.
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