logo

Programação do 61º seminário do GEL


61º SEMINáRIO DO GEL - 2013
Título: A REALIZAÇÃO DA 2ª PESSOA NAS POSIÇÕES DE COMPLEMENTO: UM PANORAMA DIACRÔNICO
Autor(es): Camila Duarte de Souza, Thiago Laurentino de Oliveira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 61 , 2013, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2013. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Histria da Lngua Portuguesa,Clticos acusativo e dativo,Cartas pessoais
Resumo Objetiva-se com o presente trabalho apresentar alguns resultados acerca da variação entre as formas do paradigma de tu e de você nas posições de complemento verbal acusativo e dativo nas primeiras décadas do século XX. Estudos precedentes (cf. Machado, 2006; Rumeu, 2008) já trataram com vagar da variação tu~você do Português Brasileiro (PB) na posição de sujeito; entretanto, os desdobramentos dessa variação em outras posições sintáticas da sentença ainda carecem de estudos mais detalhados. Serão analisadas, em específico, as formas acusativas e dativas de 2ª pessoa do singular. Denomina-se acusativo o complemento verbal conhecido na tradição gramatical como objeto direto. Entende-se por dativo o complemento verbal que recebe o papel temático de alvo, fonte ou beneficiário de uma ação, seja cliticizável e admita as preposições a/para em estruturas de sintagma preposicionado. Sendo assim, tem-se um pronome acusativo em “Ele (te/lhe) viu (você)” e dativo em “Eu (te/lhe) darei um presente (a~para você)”. Nesta análise, serão levantadas todas as formas variantes dos dois complementos a fim de se verificar, de uma perspectiva diacrônica, o comportamento do paradigma de tu e de você, o encaixamento de ambos ao sistema pronominal e os fatores de natureza linguística e extralinguística que atuam sobre as formas variantes. Para tanto, adotam-se como corpus um conjunto de cartas particulares trocadas entre brasileiros situados no estado do Rio de Janeiro na primeira metade do século XX. Como aparato teórico-metodológico, concilia-se a sociolinguística variacionista laboviana (Weinreich, Labov & Herzog, 1968; Labov, 1994) com a sociolinguística histórica proposta por Romaine (1982) para o tratamento de dados históricos. Como hipóteses deste trabalho, acredita-se que: i) o clítico te era a forma preferida na realização dos acusativos e dativos, independente do paradigma em vigor (somente tu; tu em variação com você; somente você); ii) tal fato pode ser interpretado como uma evidência de gramaticalização, em que o clítico passaria a funcionar como um afixo de concordância objetiva (cf. Company, 2010); iii) a realização das formas associadas ao você estariam restritas a contextos sintáticos ou discursivos específicos; iv) o nível de domínio dos modelos de escrita e a classe social do escrevente seriam fatores extralinguísticos que condicionavam o emprego das diferentes formas no recorte diacrônico em questão.