Resumo |
O presente trabalho visa contribuir para com os incansáveis estudos que abordam a problemática da exclusão social enfrentada pelos povos indígenas sul-matogrossenses. Portanto, o objetivo principal deste estudo é investigar a existência de marcas de exclusão no discurso do/sobre o indígena sul-matogrosense, problematizando as relações de poder/saber que perpassam por este discurso em postagens feitas por páginas criadas no facebook, as quais se apresentam como propagadoras das causas indígenas. Para constituição do corpus fizemos alguns recortes oriundos de postagens que tratam da questão conflituosa da disputa pela terra entre esses povos e o branco. Além de verificarmos como se dão as relações de poder/saber neste contexto, articulamos reflexões a questionamentos discursivos acerca da constituição identitária do indígena em pauta, nesta rede social. Investigamos também, a contribuição da mesma na (des)construção identitária desses povos. Optamos em analisar recortes retirados de publicações no facebook, pois atualmente este é considerado a maior rede social do mundo, atingindo um público considerável de usuários. Portanto, encontramos nele, variados posicionamentos discursivos acerca da temática indígena. Outro aspecto relevante é por se tratar de um campo discursivo atual e ainda pouco explorado no que tange ao desenvolvimento de pesquisas de cunho científico capazes de questionarem as relações de poder social, política e econômica que perpassam por esse site e que muitas vezes são esquecidas, silenciadas ou camufladas. Afinal, o facebook conquistou e conquista, diariamente, usuários de vários lugares do mundo, de diferentes povos, de diversas idades e classes sociais. A análise dos dados centra-se nas teorias de alguns estudiosos da Análise do Discurso, de linha francesa como Pêcheux (1991) e Coracini (2007), no que diz respeito aos estudos das identidades sociais e em conceitos e métodos utilizados pelo filósofo Michel Foucaulta ao longo de seus estudos. Os recortes analisados apontam traços de exclusão que contribuem para que o sujeito indígena em pauta construa uma imagem de si, fragmentada, cindida, numa construção identitária que não é fixa e acabada, mas sim, sempre em construção e desconstrução simultaneamente. Indicam, também, que existem muitos interesses políticos, econômicos e sociais que estão camuflados em meio à grandiosa tecnologia que nos é oferecida por esta rede social e que muitas vezes passam despercebidos sem serem analisados e questionados.
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