| Resumo |
A observação dos processos enunciativos tem-se revelado um valioso instrumento de análise de textos, sob o prisma da Estilística, em especial, quando se trata de um texto literário. De modo um tanto simplificado, estamos considerando a enunciação: ato de fala, correspondente à narração; enunciado: o produto da fala, a narrativa texto; enunciador: a voz da qual emana a palavra.
De acordo com a tradição literária, estabelecem-se redes significativas a partir de um contrato tacitamente firmado entre o escritor que pratica um ato de enunciação ao escrever seu texto e o leitor que, em outro espaço e tempo, vai atualizá-lo, no processo de leitura. Esse processo se constitui de várias mediações, sendo a mais imediata a do narrador.
Essa mediação do narrador é responsável pelas vozes que permeiam o enunciado. A perspectiva adotada influencia o desenvolvimento da narrativa, direcionando o olhar do leitor e, em certa medida, conferindo rumo à produção de sentidos. Desse modo, a investigação dos sentidos que se instauram passa pela análise do encadeamento das vozes nos enunciados que correspondem ao produto concreto de que se dispõe, ou seja, marcas do sistema linguístico, encontradas nas várias camadas de que se compõem os discursos e o texto. A designação dessa voz e das várias formas pelas quais ela se apresenta consiste num dos problemas teóricos dos estudos literários, Maingueneau (1996, p. 87), aborda os problemas que ocorrem na sua classificação e propõe que a distinção seja feita considerando-se o narrador como o autor e aquele a que a tradição designa autor como escritor (aquele que compõe / escreve o texto).
Assim, observando a enunciação como a escolha de uma determinada perspectiva para a apresentação da matéria narrada, verificaremos um dos traços de estilo nos contos de Lygia Fagundes Telles.
Cabe assinalar que o apresentado nesta comunicação é parte de trabalho do Projeto: Da Retórica à Estilística, do Grupo de Pesquisa: Estudos Estilísticos.
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