Resumo |
O presente trabalho é fruto da pesquisa desenvolvida ao longo de nossa tese de doutoramento e destina-se à análise de duas propagandas do Banco do Brasil que circularam no ano de 1979, nas revistas Veja e Exame, nas quais procuramos compreender o processo de identificação do sujeito/cidadão brasileiro com o Brasil. O instrumental teórico que nos embasa é fornecido pela Análise de Discurso (AD) de linha francesa, a qual nos permite analisar os processos de produção de sentidos que estruturam cada propaganda, ou seja, a constituição, a formulação e circulação e , a partir deles, refletirmos sobre o interdiscurso (memória discursiva) que sustenta cada propaganda. Tais processos também permitem que identifiquemos as regularidades presentes ao longo das formulações (intradiscurso) verbais e não verbais bem como trabalhemos os conceitos de formações imaginárias, formações ideológicas, formações discursivas, efeito metafórico e silenciamentos. Partindo do entendimento de que a AD é uma Teoria da Leitura que se propõe a responder Como um texto significa?, Como o texto se compõe e funciona?, é que nos propomos a mostrar o funcionamento da gramática na formulação das propagandas aqui citadas. É relevante lembramos que, do ponto de vista discursivo, não existe um ponto final ou um começo absoluto em um texto; no entanto, a partir da instância do imaginário, no qual o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia e assume, nesse contexto, a função-autor, permitindo que o efeito de fechamento se instaure no texto, isto é, o efeito de completude (começo, meio e fim). Assim sendo, pensar a gramática numa perspectiva discursiva é olhar para a linguagem não somente do ponto de vista das estruturas linguísticas, mas também como tais estruturas produzem sentido, ou seja, como se diz o que se diz e em quais condições de produção sócio-históricas e ideológicas surge a possibilidade de dizer do modo como se diz. |