Resumo |
O objetivo deste trabalho foi buscar novos direcionamentos para o ensino de língua, na dinâmica complexa da ordenação de ideias em textos escritos por alunos universitários. Nossa hipótese básica é de que um número considerável de jovens ingressantes no ensino superior não redige com clareza por falta do necessário domínio das estruturas sintáticas e suas funções, o que decorre, a nosso ver, de um equívoco na concepção de língua e de escrita sob a qual eles foram educados. O corpus desta pesquisa é constituído por um conjunto de textos escritos por ingressantes em Direito, visto que deles talvez mais do que outros profissionais serão exigidas habilidades linguísticas capazes de corresponder, de forma clara, aos anseios de seus clientes. Nossa amostra resultou de atividades de reescrita de textos confusos ou ambíguos que foram oferecidos aos alunos em sala de aula. A proposta de refeitura textual foi baseada no paradigma dos Sistemas Complexos. Desse modo, os alunos foram levados a buscar soluções de clareza para seus textos, trabalhando intuitivamente, procurando orientação de reescrita somente no princípio da complexidade de passar da desordem (caos) para a ordem sem receberem instruções gramaticais explícitas. O que apontam os dados desta pesquisa? Comprovam a tese de que os empacotamentos sintáticos, como marcas de ordenação clara de sentidos, encontram na pontuação uma grande ferramenta para consertar os trechos confusos. Explique-se: nas gramáticas do português, em termos de pontuação, a questão do escopo costuma ser estudada apenas dentro da oração simples e ser atribuído apenas ao uso da vírgula. O emprego do ponto final é tratado apenas de maneira tradicional com a observação de que designa uma pausa de maior duração. Ora, os fatos aqui estudados a partir das opções de rearrumação pelos alunos sugerem que tanto a vírgula quanto o ponto final podem sofrer um tratamento mais funcional e que os professores podem utilizar ambos esses sinais como ferramentas de atribuição de escopo. O próprio exercício de refacção pode ser utilizado pelo professor para dar aos alunos uma importante habilidade metacognitiva no uso desses sinais. |